A despeito do clima irregular que marcou a atual safra de soja (2015/16), a produtividade média do grão no país será maior nesta temporada e ajudará a ampliar a colheita para 101,7 milhões de toneladas, 5% mais que em 2014/15, conforme estimativas divulgadas ontem pela Agroconsult. De acordo com a Conab, serão 101,2 milhões.
Segundo a Agroconsult, o rendimento por hectare subirá de 50,5 sacas de 60 quilos, em 2014/15, para 51. Mas esse avanço "esconde" resultados muito bons e problemas graves, realçou André Pessôa, sócio-diretor da consultoria. "Temos uma safra 'sui generis'. Poucas vezes vimos um comportamento do clima tão errático. Por isso, a média nacional deve ser tomada com precaução", afirmou Pessôa em evento de apresentação dos dados recolhidos pelo Rally da Safra, expedição técnica realizada há 13 anos pela consultoria e que nos últimos meses percorreu cerca de 70 mil quilômetros e coletou 892 amostras de lavouras de soja espalhadas por todo o país.
PUBLICIDADE
Em Mato Grosso, que lidera a produção nacional de soja e onde a colheita está na reta final, as chuvas mal distribuídas, principalmente no médio-norte do Estado, empurraram para baixo a produtividade, de 53 para 52 sacas por hectare, nas contas da Agroconsult. No Paraná, vice-líder na produção, que sofreu com o excesso de dias nublados e a pressão da ferrugem, a expectativa é de uma retração para 53,6 sacas por hectare, ante 54,9 sacas em 2014/15.
Os destaques mais negativos, entretanto, estão no "Matopiba" (confluência entre os Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). As chuvas em dezembro, e mais intensamente em janeiro, chegaram a sugerir uma grande safra, mas a estiagem em fevereiro tratou de "mandar a esperança embora", de acordo com Pessôa. A queda média de produtividade deve ficar próxima de 20%: na Bahia, maior produtor da região, a estimativa da Agroconsult é de uma baixa de 49 para 39,5 sacas por hectare. No Maranhão e no Piauí, a 37 sacas, e em Tocantins, 40 sacas.
Na ponta mais otimista figuram Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul - este último, apesar do elevado volume de chuvas, deve contabilizar 53,9 sacas por hectare, ante 52 sacas em 2014/15. "Goiás também teve um clima quase perfeito e se recuperou dos dois últimos anos de seca, com uma produtividade que deve chegar a 53,1 sacas, 10 acima da safra passada", disse Pessôa. Os produtores gaúchos, pela primeira vez na história, também devem ter rendimento acima de 50 sacas.
Fonte: Valor Econômico/Mariana Caetano | De São Paulo