O Brasil precisa estar preparado para a redução na demanda chinesa por commodities. O pico de consumo de produtos primários já teria atingido seu ápice, e, agora, tende a cair, alertou Christian Deseglise, diretor de Global Asset Management do HSBC e co-diretor do BRICLab da Universidade de Columbia. Deseglise lembrou que a China é o maior formador de preço de commodities no mercado internacional. Como os chineses são os propulsores da demanda global, países dependentes de exportações, como o Brasil, devem ficar atentos, segundo ele.
"A força da conta corrente na região é muito dependente da China. Qualquer redução na demanda, o que vai acontecer, afetará muito a região. Por isso o Brasil tem que se voltar para o mercado doméstico, o que tem a ver com a próxima etapa (do desenvolvimento no País), que envolve inovação e educação", afirmou o diretor do HSBC, em seminário sobre os BRICs, na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
O executivo acredita que se houver queda no preço das commodities, as fraquezas da economia brasileira serão reveladas. "Talvez seja questionável a capacidade de o Brasil andar num ritmo de crescimento rápido", ponderou Deseglise.
O ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira defendeu que a economia brasileira seja estimulada por investimentos, para que alavanque a produção interna, e não apenas o mercado de consumo doméstico. "Estamos sendo sustentados pelo aumento do consumo, mas metade é atendida por importações", citou Marques Moreira. "Consumo é acreditar no presente. Mas, se você estiver investindo, está dando uma visão de futuro", acrescentou.
Na avaliação do diretor do Columbia Global Center, Thomas Trebat, o Brasil ainda parece um lugar atraente para investimentos. A estabilidade econômica e política e o baixo nível de endividamento do País, que ainda pode pegar empréstimos e bancar investimentos, são condições que aumentam a atratividade para investimentos. "O mais importante e que dá força aos números são as ascendências sociais, a saída de pessoas da pobreza. Não está acontecendo apenas no Brasil, mas em muitos países da América Latina, e os investidores estão vendo essa nova realidade", contou Trebat.
Entretanto, ele aponta que esses mesmos países ainda estão presos a um modelo de crescimento lento, provavelmente pela alta dependência econômica dos recursos naturais, atividades com pouca tecnologia, pouca inovação, que geram poucos empregos no longo prazo. "Não é só o Brasil, é a América Latina", ressaltou Trebat.
Fonte: AE / Daniela Amorim
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