Os empresários brasileiros e norte-americanos decidiram adotar uma agenda pragmática para aumentar o comércio e o investimento entre os dois países e obter acordos que eliminem a bitributação, proporcionem o reconhecimento mútuo da propriedade intelectual e facilitem o fluxo de pessoas, eliminando vistos. Um acordo de livre comércio não faz parte dessa agenda, afirmou o diretor-presidente da Embraer, Frederico Curado, que preside a seção brasileira da 30ª reunião-plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (Cebeu), realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) ontem.
“O objetivo é certamente aumentar - e aumentar muito - a cooperação entre Brasil e Estados Unidos no campo do comércio e dos investimentos. Mas, neste momento, discutir um acordo de livre comércio seria, na nossa visão, uma maneira não muito realista de seguir em frente”, afirmou. Conforme Curado, atualmente é muito mais importante conseguir acordos que eliminem a bitributação entre os dois países, além de acertos na área de propriedade intelectual e que reduzam as dificuldades ou até eliminem a necessidade de vistos.
Para negociar um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, o Brasil teria de fazê-lo no âmbito do Mercosul, com a anuência de todos os países-membros. Mas priorizar um acordo de livre comércio em detrimento do bloco regional não é a melhor alternativa, garantiu Curado. “Isso não está na pauta do conselho, não é essa a visão do conselho empresarial”, afirmou o presidente da Embraer.
De acordo com Curado, o fim da bitributação é um objetivo perseguido pelo conselho de empresários há 40 anos, mas as discussões em torno da questão se tornaram mais relevantes porque, atualmente, não são apenas as empresas americanas que querem investir no Brasil - as companhias brasileiras cada vez mais investem nos EUA. “É importante que Brasil e Estados Unidos consigam romper essa dificuldade histórica e cheguem nesse acordo o mais rapidamente possível. Isso vai facilitar o fluxo de comércio e de investimentos.”
Curado afirmou acreditar que, em breve, o Brasil será incluído no Global Entry, programa do governo dos Estados Unidos que agiliza e, em alguns casos, dispensa a exigência de visto para viajantes de alguns países - atualmente Holanda, Coreia do Sul e México. Em março deste ano, a Missão Diplomática dos EUA anunciou a implementação de um projeto-piloto nesse sentido, mas o programa ainda não está em funcionamento.
O presidente da seção americana no Cebeu, Gregory Page, também CEO da Cargill, disse que a meta do conselho é ter relações cada vez mais profundas e fortes entre os dois países. “Eu acho que a expansão da profundidade e da amplitude do comércio entre os países é essencial. Existem grandes oportunidades para as duas economias e alcançar essas possibilidades é a nossa meta”, afirmou.
Exportações americanas para o País têm crescido
A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Prazeres, afirmou durante a abertura da 30ª reunião-plenária do Cebeu que o Brasil tem contribuído para que os Estados Unidos superem a crise econômica ao aumentar as compras de produtos americanos.
Em 2011, as exportações brasileiras para os Estados Unidos subiram para US$ 26 bilhões, com importações dos EUA pelo Brasil de mais de US$ 34 bilhões. Conforme Tatiana, o aumento das importações brasileiras coincide com a crise a partir de 2009, e representa uma contribuição do Brasil para a recuperação da economia americana.
Tatiana destacou que os EUA são o segundo parceiro comercial com o Brasil atrás da China, mas com grande diferença qualitativa. Isso porque 90% das exportações para a China são produtos básicos, enquanto 47% do que é vendido para os EUA são manufaturados.
Fonte: Jornal do Commercio/RS
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