O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse há pouco, em Joanesburgo, que o Brasil vai pleitear junto à China uma cota de 5 milhões de toneladas para exportar farelo e óleo de soja ao país asiático.
Segundo ele, a disputa protecionista entre Estados Unidos e China no curto prazo pode até beneficiar a soja em grão produzida no Brasil, dada a sobretaxa imposta pelos chineses à soja americana. Mas no médio prazo, segundo Maggi, o efeito é negativo porque tende a encarecer o preço das rações. “Aí a gente começa a perder competitividade em aves e suínos e perde mercado na indústria de esmagamento, de farelo e óleo”, disse.
PUBLICIDADE
“Vamos colocar amanhã na reunião com Xi Jinping um pedido de cota para a indústria brasileira vender óleo e farelo para China também”, disse, informando que hoje o Brasil já cerca de 60 milhões de toneladas de soja em grão àquele país.
Além da questão da soja, Blairo disse que o governo tratará com os chineses das barreiras ao frango brasileiro, que sofre com medida antidumping.
O ministro apontou, ainda, que nas negociações entre Mercosul e União Europeia há avanços, mas não se arriscou a dizer que um acordo será fechado logo. Segundo ele, na área agrícola “uma das coisas que está pegando” é a questão do vinho, embora de forma geral ainda existam 30 pontos pendentes. Blairo explicou que enquanto Argentina e Uruguai querem liberação total de exportação e importação de vinhos, o Brasil teme o impacto de uma medida como essa sobre a produção nacional, que emprega 200 mil pessoas.
“No Brasil, não conseguimos aceitar essa proposta porque a indústria ainda é incipiente. Indústria de pequenos produtores, isso gera perda de renda, emprego e turismo na região Sul. Falei para o presidente Michel Temer que para fechar a questão do vinho vai ter que conversar com a Receita para fazer um escalonamento de crédito presumido. Precisa baixar a nossa carga tributária para ficarmos competitivos”, afirmou.
Fonte: Valor