A China substituirá quase inteiramente suas importações de soja dos Estados Unidos por grãos brasileiros e de outras origens na próxima temporada, mas poderá ficar sem a oleaginosa no início de 2019, disse um executivo de uma grande esmagadora nesta terça-feira (4).
A previsão da empresa é uma das mais pessimistas sobre o impacto da guerra comercial entre Washington em Pequim para os agricultores americanos.
PUBLICIDADE
As importações dos Estados Unidos, que normalmente ocupam o segundo lugar entre os maiores fornecedores da China, vão cair para apenas 700 mil toneladas na temporada 2018/19 a partir deste mês, disse Guo Yanchao, vice-presidente do Jiusan Group.
O diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Roberto Azevedo, expressou preocupação com o plano do presidente americano. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que os chineses responderiam conforme o necessário no caso de uma guerra comercial com os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que alertou que tal guerra só prejudicaria todos os lados -
O então ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles, criticou a decisão do governo americano de impor tarifas sobre o aço e o alumínio importados, dizendo que o protecionismo é negativo e prejudicaria inclusive a indústria americana. ?É negativo para todos os envolvidos e nós somos contra isso. A União Europeia montou um esforço para impedir que o presidente dos EUA imposse as tarifas, prometendo uma resposta firme e alertando quanto aos grandes danos que poderiam ser causados por uma guerra comercial transatlântica - Em resposta à tarifa da Casa Branca quanto ao aço, a União Europeia vai adotar medidas punitivas contra US$ 3,5 bilhões em produtos norte-americanos, entre os quais motocicletas Harley-Davidson, jeans Levi Strauss e bourbon - Em uma tréplica, o presidente americano ameaçou as montadoras europeias com uma tarifa sobre importações se a União Europeia retaliar contra seu plano de adotar tarifas sobre alumínio e aço - Além disso, após anunciar as medidas, o presidente americano Donald Trump afirmou no começo de março que só reconsideraria retirar a sobretaxa dos produtos do Canadá e do México diante de um novo acordo comercial entre as Américas, o Nafta -
Dias depois de anunciar as tarifas, dando um pontapé a guerra comercial global, o governo dos EUA preparou novas barreiras ?mais uma vez contra a China - O objetivo é mirar em um suposto roubo de propriedade intelectual americana, com medidas que incluiriam, além de tarifas, a redução de vistos a pesquisadores chineses, restrições a investimentos do país asiático nos EUA e ações na OMC, segundo o ?The New York Times? - Na ação mais significativa de seu governo contra o poderio econômico da China, o presidente Trump decidiu, então, impor tarifas sobre US$ 60 bilhões em produtos chineses. O montante correspondia a cerca de 10% das exportações chinesas para os EUA -
Isso se compara a 27,85 milhões de toneladas de soja em grão importada nos EUA no ano anterior.
As importações do Brasil saltarão para 71,06 milhões de toneladas, com o restante vindo da Argentina, Canadá, Rússia e outros países, disse Guo em uma conferência do setor.
Mas os estoques podem acabar até fevereiro ou março do ano que vem, quando a oferta de soja do Brasil é limitada, disse o executivo.
Fonte: Folha SP