O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, disse nesta quarta-feira que o Brasil ficou para trás em produtividade. Em 1980, afirmou, a produtividade nos países desenvolvidos era cerca de 180% e 200% maior que a brasileira. Agora ela estaria, segundo Neri, em cerca de 300%.
Apesar de o baixo crescimento do país ser provocado pela mistura de juros e câmbio altos e corte de gastos públicos, Neri preferiu culpar a elevada rotatividade da mão-de-obra, “uma das maiores do mundo”, e a baixa qualificação do trabalhador.
Ele veio ao Rio para apresentar o estudo Determinantes da Produtividade do Trabalho. Neri elegeu o tema como o maior desafio de longo prazo para o crescimento da economia e a manutenção do processo de redução das desigualdades e inclusão social.
Em março do próximo ano, durante reunião do Brics no país, a SAE vai lançar um mapa da produtividade no Brasil.
Neri disse que as políticas sociais do governo já dão “sinais de esgotamento”. E disse que agora o melhor caminho seria melhorar a produtividade: “O aumento da renda acima do produto reduz a competitividade e impede a economia de crescer”, disse, numa defesa implícita da contração salarial.
Já o economista Miguel Bruno, da Escola Nacional de Estatística (Ence), ligada ao IBGE, destaca que a expectativa de crescimento é fundamental para o investimento na produtividade.
“A China investe na qualificação da mão-de-obra mas também na produção. Qualificar apenas significará exportação de cérebros no futuro”, pondera, acrescentando que, em setores específicos, pode faltar mão-de-obra qualificada no país, mas, na média, a economia brasileira pode ocupar muita gente com baixa qualificação. “É preciso ampliar o crescimento e a educação paralelamente. Investir em infra-estrutura. Tudo tem de caminhar junto.”
Fonte:Monitor Mecantil
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