O impacto da escassez de chuvas sobre as lavouras de soja precoce de algumas regiões de Mato Grosso, líder na produção da oleaginosa no país, levou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a reduzir levemente suas estimativas para a safra brasileira de grãos no ciclo 2015/16, em andamento.
Conforme as novas projeções do órgão, a produção de grãos e fibras no Brasil somará 210,5 milhões de toneladas em 2015/16, redução de 0,2% na comparação com as 210,95 milhões de toneladas previstas em dezembro. Apesar disso, trata-se de um volume recorde e representa um acréscimo de 1,4% (ou de mais 2,8 milhões de toneladas) ante as 207,6 milhões de toneladas produzidas na safra 2014/15.
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Diante dos problemas climáticos em Mato Grosso, a produção brasileira de soja no ciclo 2015/16 foi projetada ontem pela Conab em 102,110 milhões de toneladas, leve redução de 0,35% na comparação com as 102,459 milhões de toneladas estimadas em dezembro. Na comparação com a safra anterior, o aumento é de 6,1%.
"É consenso entre os informantes consultados que a falta de precipitações vai proporcionar queda de produtividade e que a soja precoce será a mais afetada", apontou a Conab, enfatizando as adversidades climáticas no médio-norte de Mato Grosso.
A produção de soja de Mato Grosso foi estimada em 28,279 milhões de toneladas, queda de 2,6% na comparação com as 29,056 milhões de toneladas projetadas em dezembro. Ante o ciclo de 2014/15, quando foram colhidas 28,018 milhões de toneladas no Estado, ainda há uma alta de 0,9% na colheita.
Em meio à escassez de chuvas em Mato Grosso, a Conab também alertou, durante a divulgação da estimativa, para uma possível perda de 1,3% na produtividade da soja mato-grossense. Pelas estimativas da autarquia, o Estado deve produzir uma média de 3,09 mil quilos de soja por hectare no ciclo 2015/16, ante a média de 3,14 mil quilos por hectare da safra 2014/15. Também por motivos climáticos, mas devido ao excesso de chuvas, a Conab projetou uma retração na produtividade de soja no Rio Grande do Sul, de 1,2% em relação à temporada anterior.
A despeito desses problemas, o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, João Marcelo Intini, ponderou que outros Estados do país devem ter aumento na quantidade de soja produzida por hectare, o que na estimativa geral leva a Conab a prever elevação de 2,5% na produtividade brasileira de soja para 2015/16. Em Goiás, por exemplo, a produtividade deve crescer 18,1%, para 3,06 mil quilos por hectare.
"Já fizemos duas visitas em campo no Mato Grosso e vamos fazer uma terceira, e até agora o que se percebe são problemas localizados nas safras de soja de algumas regiões do Estado por falta de chuva, mas é pontual" afirmou Intini.
Além da soja, a Conab também atualizou as projeções para outros grãos. No caso do milho, o órgão elevou levemente a estimativa para a produção na safra 2015/16. Agora, a companhia estima que os produtores colherão 82,327 milhões de toneladas de milho, incremento de 0,34% ante as 82,043 milhões de toneladas estimadas em dezembro.
De todo modo, a produção de milho na atual temporada ainda ficará abaixo da safra passada, quando a colheita totalizou 84,672 milhões de toneladas. Segundo Conab, a produção de milho na safra de verão deve cair 7,7% na comparação com o ciclo 2014/15, para 27,764 milhões de toneladas. A queda da área plantada com milho na safra de verão é de 7,8% para 5,6 milhões de hectares.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou ontem que a produção de grãos deverá crescer 7,7% em 2015 em relação ao ano anterior, e alcançar 209,5 milhões de toneladas. Na comparação com a estimativa de novembro, de 210,3 milhões de toneladas, a projeção caiu 0,4% em dezembro. Já para 2016, a estimativa do IBGE é de uma safra de 210,7 milhões de toneladas de grãos, alta de 0,5% em relação a 2015.
Fonte: Valor