BRASÍLIA - O ministro do Planejamento, Valdir Simão, disse nesta quinta-feira à Reuters que o cronograma de concessões de infraestrutura este ano não será alterado, mesmo com a piora no cenário político nos últimos dias, e argumentou que investidores estrangeiros continuam interessados no Brasil.
"Nós temos um histórico de respeito aos contratos e, portanto, há sempre o interesse de investidores nesses leilões", afirmou ele, sem dar detalhes sobre as empresas que estariam de olho nas concessões.
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Estão previstas para este ano as concessões de alguns portos e rodovias, além dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis e ao menos uma ferrovia.
O ministro afirmou ainda que não deverá emperrar o andamento dos leilões eventual demora na conclusão de acordos de leniência por empresas envolvidas na Lava Jato, muitas delas que atuam em concessões de infraestrutura como sócias ou responsáveis por obras.
Simão era chefe da Controladoria Geral da União (CGU), responsável pelos acordos de leniência, antes de assumir o Ministério do Planejamento em dezembro.
Com acordos de leniência, a expectativa é que empresas envolvidas na Lava Jato voltem a participar de licitações, movimentando o setor de infraestrutura, fortemente impactado pelo escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras.
"Independentemente da conclusão de um acordo (de leniência) ou de se chegar à conclusão que o acordo não é viável, o processo de concessão terá interessados. Existem vários grupos que têm manifestado interesse no processo de concessão", afirmou.
Questionado sobre a reação positiva dos mercados às notícias envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato, no fim da semana passada, o ministro do Planejamento disse que tem de se concentrar no "investidor real".
"Não tenho que dar recado para especuladores. Tenho que dar recado para o investidor real, que vem para cá, claro, para ganhar dinheiro, mas para gerar emprego, gerar renda e contribuir para o desenvolvimento de nossa economia", disse o ministro.
Os mercados financeiros têm reagido positivamente aos desdobramentos da Lava Jato, sob o argumento de que isso aumenta as chances de eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Fonte:Reuters\Marcela Ayres e Alonso Soto