SÃO PAULO - A indústria mundial do aço vai rever no início da semana, para baixo, as projeções de demanda para até o fim deste ano e para 2012. Os representantes de 64 países produtores vão se reunir de domingo a quarta-feira em Paris, na França, no congresso anual do setor realizado pela World Steel Association (WSA).
Os novos números sobre o consumo aparente de produtos acabados de aço vão atualizar a última projeção do Comitê Econômico da WSA, realizada em fins de março em Pequim, na China, e divulgada em abril pela entidade.
O levantamento feito com grande parte das 170 siderúrgicas no mundo afiliadas a WSA mostrava expansão de 5,9% neste ano, depois de alcançar 13,9% em 2010, e projetava alta de 6% no próximo ano.
“O novo cenário da economia mundial a partir deste semestre, com as crises vistas na Europa e EUA, levou o comitê a fazer uma projeção bem mais conservadora”, disse uma fonte do setor que teve acesso aos novos números. “Há um pessimismo grande e os últimos dados não espelharam bem a realidade deste ano”, acrescentou.
Na divulgação feita em abril, a projeção do comitê econômico da WSA, presidido por Daniel Novegil, executivo do grupo Techint, a previsão era de que o consumo mundial de aço acabado fechasse 2011 em 1,36 bilhão de toneladas. E a expectativa para 2012 era de alcançar 1,44 bilhão de toneladas.
A expansão nos dois anos estava sustentada pelo crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento — principalmente por China e outros países dos Brics (Brasil, Índia, Rússia e África do Sul). Nessas regiões, a projeção era de 6,2% neste ano e 6,9% em 2012, puxada pela força consumidora de commodities e bens industriais da China.
Para as economias desenvolvidas — Estados Unidos, União Europeia e Japão —, a previsão da WSA foi de expansão de consumo aparente de aço de 5,1% neste ano e 3,8% em 2012. A pesquisa revelou que o consumo nessas regiões estariam no próximo ano 14% abaixo de 2007, enquanto nos emergentes subiria 38% no mesmo período.
O relatório de abril da WSA já advertia para as incertezas decorrentes das fragilidades financeiras de países europeus, o que de fato se consumou na Grécia, Itália, Espanha e Portugal, mais inquietações políticas em alguns produtores de petróleo do Oriente Médio e o terremoto seguido por tsunami no Japão. Todos esses fatos, apontava, poderiam ter impacto negativo na recuperação econômica mundial e afetar a demanda de aço.
O comitê econômico da WSA, composto por economistas-chefes de mais de 40 companhias siderúrgicas ligadas à entidade, se reúne duas vezes por ano.
(Ivo Ribeiro|Valor Econômico)
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