Se contra fatos não há argumentos, a situação é preocupante para o Brasil. Apenas em novembro, a dívida pública federal cresceu 2,32%. O endividamento nos mercados interno e externo atingiu R$ 2,06 trilhões. No fechamento do ano, deverá se situar entre R$ 2,1 trilhões e R$ 2,24 trilhões. É muito dinheiro. As razões são bem conhecidas. Em janeiro, foram emitidos R$ 20 bilhões e pagos R$ 17,9 bilhões em juros; e 100% dos analistas garantem que os juros ainda vão subir – para alegria dos rentistas, dos bancos e dos fundos de pensão.
Em um caso específico, a presidente Dilma meteu os pés pelas mãos no setor de energia. Edvaldo Santana, que acaba de deixar uma diretoria da agência do setor, a Aneel, afirmou que o governo errou a reduzir em 20% a conta de luz e, depois, ter de repassar R$ 9,6 bilhões para as distribuidoras. Na política de combustíveis, os erros são óbvios, sendo os piores o enfraquecimento da Petrobras e o fim do imposto que servia para custear obras viárias, a Cide, para minimizar o impacto das ruas cheias de carros. As vendas de Natal foram as piores dos últimos 11 anos, o que dá indícios de que poderá vir desemprego por aí.
No front externo, a situação é péssima. O rombo nas contas externas, em 2013, deverá atingir US$ 79 bilhões, em comparação com US$ 54,2 bilhões no ano passado. Em 2011, o déficit em transações correntes foi de US$ 52,6 bilhões e, em 2010, de apenas US$ 30,3 bilhões. O país está sendo financiado por perdas internacionais. Ainda na área internacional, a presidente Dilma protagonizou um mico. Reclamou de forma vibrante da política norte-americana que fortalecia o dólar, chamando a operação de “tsunami financeiro”; logo depois, se queixou, embora com menos ênfase, de política contrária, quando os Estados Unidos começaram a cortar subsídios, o que vai fortalecer a moeda norte-americana.
No novo ano, as autoridades vão precisar de muitos malabarismos para conduzirem a política econômica. Se não acabarem com o subsídio no preço da gasolina, enfraquecem a Petrobras e colocam em dúvida seu ousadíssimo plano de investimentos; como efeito paralelo, o baixo valor dos combustíveis prejudica quem investiu no etanol. E, se reajustarem esses valores, se defrontarão com inflação, pois, quando os combustíveis aumentam, ocorre o efeito bola de neve: quem transporta tomate sobe os preços, as empresas de ônibus querem alta extra e o processo não para. A alta dos combustível é uma bomba relógio e por isso o ministro Guido Mantega aceita até prejudicar a Petrobras.
Por fim, o Custo Brasil é constante ameaça ao país. Produtos e serviços são caros e, como o governo não dá mostras de querer reduzir a máquina oficial, a tendência é preocupante. Tradicionalmente, comércio e indústria reclamam da legislação trabalhista – em que o ganho do empregado é pequeno, mas o valor pago pelo empresário – por cada homem – é alto. Agora, chegou a vez da agricultura se queixar. A presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu, afirmou que “o elevado custo da mão-de-obra no país é um dos principais entraves à competitividade das empresas e, por isso, as leis precisam ser modernizadas”. Mas, com tantos problemas, o país ainda avança em muitos setores, especialmente na agricultura.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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