O acordo que vai definir a divisão de poder na Nova Braskem, como tem sido chamada a junção das petroquímicas nacionais Quattor e Braskem, é o ponto nevrálgico que tem retardado o fechamento da fusão das duas companhias. Segundo apurou o Valor, cinco a seis pendências faltam ser acertadas entre os dois acionistas que vão controlar a nova petroquímica - o grupo Odebrecht e a Petrobras. Dirimidas essas questões, o negócio pode ser anunciado a qualquer momento.
Atualmente, a Odebrecht é a acionista majoritária da Braskem, enquanto a estatal detém 30% do capital ordinário, com direito a dois representantes no conselho. Já na Quattor, a Unipar - controlada pela família Geyer - detém 60% e a Petrobras, 40%. Nesse caso, além de estar no conselho, indicou um representante na diretoria executiva. No novo arranjo, os Geyer ficaram de fora e Odebrecht terá no mínimo 51% no capital votante, cabendo 49% à Petrobras.
Depois do acerto dos termos gerais da operação de incorporação da Quattor pela Braskem, a questão da governança corporativa da nova companhia - que surge como líder nas Américas na produção de resinas plásticas - é o principal obstáculo, o qual tem exigido árduas negociações.
As decisões na nova empresa, pelos entendimentos em andamento e em discussão, serão tomadas de forma consensual. Mas o acordo que vai garantir isso terá de ser amarrado de uma maneira que não trave as ações estratégicas da companhia. A avaliação é que a nova petroquímica, que vai intensificar o processo de internacionalização em curso na Braskem, estará competindo com companhias - na Ásia, Oriente Médio, Europa e Estados Unidos - que tomam decisões rápidas.
Um outro ponto em discussão é o fornecimento pela Petrobras das matérias-primas usadas nas centrais petroquímicas (nafta, gás natural e condensados de óleo e gás). A estatal supre de 60% a quase 100% das necessidades de cada uma das unidades operadas hoje por Braskem e Quattor. A diferença é importada. Odebrecht e Braskem buscam garantir uma fórmula de preço na compra dessas matérias-primas que deixe a empresa mais competitiva. O preço da nafta, por exemplo, é definido mensalmente pela estatal e tem como base a cotação do petróleo no mercado internacional.
Em torno de 90% dessas pendências - governança da empresa em alto nível, garantia de sua estratégia de crescimento e expansão internacional, a modelagem comercial das matérias-primas e mais dois ou três pontos - estão acertadas. Esses são os fatores determinantes para o fechamento da operação.
Com a consolidação dos ativos petroquímicos do país nos últimos anos, com participação relevante da Petrobras, a estatal aos poucos ganhou força societária nas empresas consolidadoras - Braskem e Quattor. Assim, o comando da petrolífera passou a querer presença maior nos conselhos - até a presidência - e direitos de mando, com indicação de diretores executivos. Com 49% da Nova Braskem, passou a ter participação maior na petroquímica do que no modelo tripartite - 33,3%, mesma fatia de grupos privados e estrangeiros.
Quando a Petrobras comprou a Suzano Petroquímica, que deu origem à criação da Quattor com a união dos ativos Unipar, houve forte receio, principalmente de Braskem/Odebrecht, que houvesse intenção de criação de uma nova estatal petroquímica. Como fornecedora de matérias-primas à Braskem, a estatal levaria vantagem frente sua concorrente.
No momento, a Braskem também negocia a compra de ativos nos EUA dentro de sua estratégia de internacionalização e de formação de uma companhia com poder de fogo para competir globalmente, principalmente com as gigantes chinesas e do Oriente Médio. A empresa elegeu três alvos que estão em análise, com foco maior na produção de resinas: um pequeno, um de porte médio e um grande (que pode incluir
Paralelamente aos entendimentos entre Odebrecht e Petrobras, Alberto Geyer, herdeiro da família controladora da Unipar, que detém 56% da Quattor, tenta impedir o negócio na Justiça. Ele aguarda o pronunciamento do juiz da 2ª Vara Empresarial do Rio sobre prosseguimento da ação que visa suspender incorporação da Quattor.(Fonte: Valor Econômico/ Ivo Ribeiro, de São Paulo)
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