Com a escassez de capital no país, apenas investidores estrangeiros têm condições mais concretas de participar de novos grandes projetos no Brasil. A opinião é do ex-presidente da Vale Eliezer Batista e não se restringem apenas à mineração, mas também aos projetos em infraestrutura, agronegócios, entre outros.
Batista participou do seminário "Pará 2030: Um mundo de Oportunidades". Ele afirmou que a nova ferrovia no Estado do Pará que liga Santana do Araguaia, no sul do Estado, a Barcarena, onde a produção de grãos e minerais pode ser escoada, foi um desses casos. A infraestrutura precisou de investimentos chineses para conseguir ser viabilizada.
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"Hoje, em mineração principalmente, o Brasil é menos competitivo do que a concorrência. A Austrália, por exemplo, produz minério de ferro do lado da China e leva muito menos tempo para entregar o produto deles", declarou Batista.
O ex-presidente da Vale ainda disse que o problema da logística e infraestrutura no Brasil não atrapalha apenas as vendas ao exterior, mas também o abastecimento do mercado interno.
Durante o evento realizado pelo Valor na Fiesp, o governo do Pará defendeu que o licenciamento ambiental de empreendimentos no Estado não se traduza "nem em coisa de jeitinho, nem no calvário das empresas". Para o governador Simão Jatene (PSDB), questões ambientais são cruciais, mas não devem se transformar em impeditivos para a atração de projetos.
"O meio ambiente não deve ser uma variável exógena, mas fazer parte da própria construção de um projeto ", afirmou Jatene.
Ainda bastante atrasado no ranking nacional de PIB per capita, o Pará busca a diversificação de sua economia e a verticalização de cadeias produtivas. Recentemente, o setor portuário ganhou força com a chegada de investidores privados - em sua maioria do agronegócio - em terminais de transbordo de cargas às margens do rio Tapajós.
Segundo o governador, os investimentos esperados - de alguns bilhões - se devem ao posicionamento estratégico do Estado. Navios saindo dos portos paraenses levam em média 12 dias para alcançar Roterdã, na Holanda, contra 15 dias saindo por Santos e Paranaguá, disse ele. Na comparação com Xangai, o Pará tem vantagem ainda maior - são 39 dias se embarcados pelo Sul e Sudeste do país contra 32 pelo Pará. "Em um mundo competitivo, não é uma condição a ser desprezada."
Os grandes produtos exportados pelo Estado ainda são os minérios - o de ferro bruto, seguido pelo minério de cobre e alumina calcinada. O agronegócio, no entanto, vem ganhando peso na agenda estadual. A pecuária ocupa hoje 5ª posição nos embarques gerais, enquanto a soja vem na 6ª posição.
Fonte: Valor Econômico/Por Bettina Barros e Renato Rostás | De São Paulo