RIO - A presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, afirmou na tarde desta quarta-feira que "o Brasil está em frente a uma encruzilhada". Em cerimônia de posse na sede do banco, num auditório lotado de servidores e autoridades, ela indicou algumas diretrizes da nova gestão, como investimentos em projetos sociais, de infraestrutura de mobilidade urbana e social, saneamento básico e meio ambiente.
"Cabe ao BNDES como banco de desenvolvimento financiar projetos em que retornos sociais superem os privados. Esse será o norte da nossa administração", disse. "O BNDES cumprirá de novo seu papel auxiliando o país na superação do cenário atual", afirmou.
PUBLICIDADE
Durante discurso na sede do banco no Rio, Maria Silvia afirmou que aceitou a assumir o cargo por causa de uma "preocupação com o futuro". "Precisamos ter uma visão maior de país em vez de tão somente as nossas questões pessoais. Devemos pensar em nossos filhos e netos."
Para ela, o "Brasil está mudando em sua práticas e valores". "Vivemos num momento em que a sociedade questiona a alocação de recursos públicos", destacou.
Na avaliação da nova presidente do BNDES, a recuperação da economia pode trazer de volta novos investimentos e a possibilidade de participação privada no financiamento de projetos de longo prazo. "Precisamos trazer recursos privados para infraestrutura social, principalmente em mobilidade e saneamento."
Olhando para o governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, Maria Silvia disse que o BNDES já iniciou conversa para novas concessões de saneamento no Estado do Rio.
"Alinhados"
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a nova presidente do BNDES assume a instituição em um momento em que o Brasil discute mudanças no seu rumo econômico. Segundo ele, o que foi traçado como plano de ação por Maria Silvia mostra o que deve ser o papel de um banco de desenvolvimento.
Para o ministro, a instituição tem que financiar grandes e pequenos projetos e viabilizar financiamentos de longo prazo desde que sejam projetos viáveis e gerem retorno. O ministro disse também que o BNDES pode contribuir para que o país tenha concessões que sejam decisivas para trazer investimentos.
Os investimentos podem aumentar emprego e a demanda, em um primeiro momento, mas também o nível de oferta, contribuindo para queda do Custo Brasil, disse Meirelles. O ministro enfatizou que o governo discute uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para organizar a evolução dos gastos públicos no futuro. No devido tempo, segundo ele, haverá queda da dívida pública total e também redução dos dispêndios públicos em relação ao PIB.
Meirelles disse ainda que não faltarão recursos para o BNDES crescer mesmo com o banco devolvendo recursos de empréstimos ao Tesouro Nacional. “Minha presença [na cerimônia] é para mostrar que estamos alinhados com o BNDES”, disse Meirelles durante fala.
"Boa ordem"
Presente à cerimômia de posse, o ex-presidente do banco, Luciano Coutinho, afirmou que a "casa está sendo entregue em boa ordem". "Quero em particular registrar a autonomia e o perfil técnico e profissional que prevaleceu em todo esse período", disse o ex-presidente que esteve à frente do BNDES desde 2007.
Para Coutinho, o banco "tornou-se a mais transparente instituição financeira brasileira, mesmo se comparado ao seus pares internacionais", destacando que o BNDES disponibiliza parte das informações dos financiamentos na internet. O índice de Basileia está em 15,5%, disse, e a inadimplência, num patamar de 0,25%.
Ao entregar o cargo, Coutinho destacou ainda a "capacidade de intervir nas distintas decisões do país, sempre no sentido de suportar a economia e seu desenvolvimento".
Entre os presentes estão também diretores e ex-presidentes da instituição, como Eleazar de Carvalho e Edmar Bacha, e o presidente da Petrobras, Pedro Parente.
Fonte: Valor Economico/Robson Sales e Francisco Góes