Com a compra de duas empresas na China, a WEG, fabricante de motores elétricos e equipamentos eletroeletrônicos com sede em Santa Catarina, deu mais um passo para a internacionalização de suas operações. O negócio anunciado ontem envolve três fábricas e marca para a companhia o início da produção internacional de motores para linha branca, que até então estava concentrada no Brasil, com contribuição potencial de US$ 100 milhões ao faturamento em 2014.
"Com essas aquisições, mudamos a estratégia do negócio de linha branca, que representou 10% da receita líquida da WEG em 2013", disse o presidente da companhia, Harry Schmelzer Jr. "Não tínhamos ainda operação nem negócio nessa área lá fora". A entrevista exclusiva foi antecipada pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor.
PUBLICIDADE
A aquisição está alinhada à estratégia da WEG de atingir receita líquida anual de R$ 20 bilhões em 2020, dos quais 40% gerados no Brasil. Para alcançar essa meta, a companhia deve apurar crescimento médio anual de 17% nesse plano. No ano passado, a receita líquida da WEG totalizou R$ 6,83 bilhões, com expansão de 10,6%, e a participação dos mercados interno e externo ficou equilibrada.
O valor das compras anunciadas ontem não estava previsto no orçamento de investimento de R$ 592 milhões para 2014, que contempla apenas projetos de crescimento orgânico. Segundo Schmelzer, o valor da operação não será divulgado até que os órgãos reguladores chineses aprovem a transação.
Em um dos negócios, a WEG acertou a compra do grupo chinês Sinya, que produz motores elétricos para lavadoras, com fábrica em Changzhou, na província de Jiangsu - uma nova unidade fabril já está em construção. A transação inclui outra fábrica do grupo, a Wuxi Ecovi, que produz os componentes eletrônicos de controle do motor de máquinas de lavar roupa. O grupo obteve faturamento de US$ 88 milhões em 2012.
A segunda empresa comprada, a Changzhou Machine Master (CMM), produz transmissões e componentes que complementam os motores elétricos destinados a lavadoras e fica também em Changzhou. A CMM faturou US$ 17 milhões em 2012. "Temos um pacote completo [com as aquisições] ", disse o presidente da WEG.
Conforme Schmelzer, a nova operação vai atender tanto o mercado doméstico chinês quanto os mercados americano e europeu, que consomem lavadoras sofisticadas. Não há planos de exportar esses produtos ao mercado brasileiro, que poderá ser atendido no futuro, quando as multinacionais de linha branca iniciarem localmente a produção de lavadoras voltadas à classe A, pela unidade de Linhares (ES), que acaba de ser ampliada.
A WEG também não planeja, neste momento, novas aquisições internacionais na área de motores para linha branca. Há, porém, planos para futuras expansões. "Com a fábrica no Brasil e a operação na China, mais futuras expansões, temos a nossa base montada", afirmou.
Em outra frente de negócios, a de motores industriais, a WEG está executando investimentos de US$ 345 milhões na própria China e no México.
Na China, informou o executivo, está em curso um projeto de US$ 135 milhões para ampliação de capacidade fabril da linha de produtos industriais, com foco no mercado local. No México, o investimento alcança US$ 210 milhões para ampliar a capacidade de produção de motores industriais. Segundo o presidente da companhia, esses investimentos estarão concluídos até 2018.
Fonte: Valor Econômico/Stella Fontes | De São Paulo