Ciente de que o crescimento da China afeta diretamente o PIB do Brasil e que há uma integração comercial real e crescente entre os dois países, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) assinou, em agosto, um acordo de cooperação técnica com o Instituto de Estudos Brasil-China (Ibrach). O principal objetivo é mapear as políticas públicas de inovação da China e verificar como essas experiências podem ser inseridas no cenário nacional. O acordo ajudará ainda a Finep a entender como agem os chineses em termos de inovação, além de identificar em que momento a China concorre com o Brasil e onde estão as oportunidades de cooperação entre empresas e universidades dos dois países.
Rodrigo Fonseca, diretor de desenvolvimento científico e tecnológico da entidade, diz que a importância desse acordo é colocar a Finep no centro do debate sobre o futuro do mundo, já que a China é o principal parceiro comercial do Brasil, além de ser o país que ganha mais relevância internacional na atualidade. Na prática, o primeiro desdobramento do acordo foi a definição de uma agenda de pesquisas e encontros relevantes para a Finep.
"A China é o maior exportador de semicondutores do mundo. Mas é também o maior importador, e a preocupação deles com esse tema é enorme. Não conhecemos as políticas públicas dos chineses na área de semicondutores, e é fundamental entendê-las. A Finep já definiu como uma das prioridades nesse acordo mapear as políticas públicas da China de microeletrônica, tema de peso relevante na balança comercial dos dois países", detalha Fonseca.
O mapeamento das políticas públicas da China em inovação vai ajudar a Finep a priorizar investimentos em projetos desenvolvidos no Brasil para que o país tenha vantagem competitiva no cenário internacional. Fonseca observa que os chineses são seletivos e inteligentes na abertura do mercado deles, pois só incentivam a flexibilidade quando ela é capaz de beneficiar o país.
"Um acordo como esse pode mostrar para o Brasil como eles agem, como são as políticas da China e como se dão as escolhas dos chineses para proteger o país. Isso nos ajudará a qualificar a participação do Brasil na concorrência internacional", afirma Fonseca.
Para o diretor de desenvolvimento científico e tecnológico da Finep, é necessário qualificar o diálogo com China. Ele afirma que só o fato de os integrantes do Ibrach, que reúne pesquisadores, gestores, diplomatas e especialistas em relações internacionais, poderem traduzir o que acontece na China já valeria o acordo.
Organização sem fins lucrativos dedicada à formação, pesquisa e debate sobre as estratégias de desenvolvimento da China contemporânea, o Ibrach foi criado em 2011. O instituto tem ainda a missão de desvendar o papel da China na governança internacional.
(Fonte: Valor Econômico\Suzana Liskauskas | Para o Valor, do Rio
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