A Gerdau não tem planos de realizar mais nenhum ajuste em sua capacidade produtiva até o fim deste ano. No começo de 2015, a empresa gaúcha deixou de produzir em algumas aciarias no modelo de "mini-mills", que utilizam fornos elétricos para a fabricação de aço. Mas segundo Harley Scardoelli, diretor financeiro, o que era necessário em termos de corte já foi feito.
Em teleconferência para comentar os resultados do segundo trimestre, o presidente do grupo - André Gerdau Johannpeter - disse ontem que a demanda por aço no mercado nacional no terceiro trimestre está no mesmo "nível" do segundo. Segundo ele, é "difícil" fazer projeções sobre recuperação neste momento.
Ele lembrou que o grupo recorreu à suspensão de contratos de trabalho na usina de aços especiais a partir de julho em Charqueadas devido à retração das vendas para o setor automotivo, mas disse que não tinha informação sobre a eventual adoção da medida em outras unidades.
O que pode atrapalhar mais as vendas internas é a desvalorização do yuan pelo governo chinês. Na opinião de Johannpeter, a medida pode aumentar importações de aço daquele país nos mercados em que o grupo atua, principalmente Brasil, América Latina e América do Norte. A ressalva é de que os dados atuais indicam redução da produção de aço na China em função da queda do consumo local.
Segundo o empresário, o excesso de capacidade global de produção de aço chega a 720 milhões de toneladas, sendo 425 milhões de toneladas só na China, o que pressiona a rentabilidade de todas as empresas do setor.
Ao mesmo tempo, Scardoelli, lembrou que a operação na América do Norte provavelmente continuará compensando, em partes, a piora no Brasil. O "metal spread", que é a diferença entre o preço do produto final e da sucata utilizada na produção, aumentou desde o início do ano, o que garantiu no mínimo a manutenção da rentabilidade nas operações dentro dos Estados Unidos.
Por outro lado, a Gerdau diz acreditar que as exportações vão ser reduzidas no terceiro trimestre. "Vamos ser mais seletivos neste trimestre e, provavelmente, as exportações ficarão um pouco menores", afirmou o diretor financeiro da companhia.
Para Victor Penna, analista do BB Investimentos, a declaração de que as vendas ao exterior podem recuar mostra um potencial de ganho no mercado interno por enquanto. Vender mais no Brasil seria interessante por conta das melhores margens de rentabilidade domésticas.
No segundo trimestre, a Gerdau teve lucro líquido de R$ 255,6 milhões, queda de 28,3% sobre o mesmo período de 2014. A receita líquida aumentou em 3%, para R$ 10,76 bilhões, e o Ebitda avançou 1,2%, para R$ 1,18 bilhão. A companhia ainda reduziu a produção de aço bruto em 5,1%, para 4,43 milhões de toneladas, e as vendas caíram 5,6%, para 4,27 milhões de toneladas.
A empresa investiu R$ 1,26 bilhão no primeiro semestre e vai reduzir o ritmo durante o resto do ano. O orçamento para o ano é de R$ 1,9 bilhão, mas a Gerdau admitiu que o câmbio pode fazer que a cifra ultrapasse essa meta.
Fonte: Valor Econômico/Sérgio Ruck Bueno, Stella Fontes e Renato Rostás | De Porto Alegre e São Paulo
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