A equipe econômica pretende dividir em várias parcelas anuais o bônus de assinatura do "megaleilão" de petróleo que o governo vai realizar no segundo semestre. O excedente da cessão onerosa em seis blocos do pré-sal que será leiloado envolve cifras de até US$ 40 bilhões, cerca de R$ 130 bilhões pelo câmbio atual.
Trata-se de muito dinheiro até para grandes petroleiras estrangeiras assinarem um cheque à vista, mesmo em consórcios. Foi esse o recado recebido por integrantes do primeiro escalão do governo em conversas com megainvesti-dores em suas últimas idas ao exterior.
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Diante do vulto dos valores, a equipe econômica passou a considerar que seria muito mais conveniente dividir o bônus de assinatura. Do ponto de vista das multinacionais do setor, isso favorece a entrada de mais concorrentes. Para o governo, em vez de receber tudo em 2018 e enfrentar novamente problemas nas contas públicas nos anos seguintes, poderá haver um alívio para o cumprimento da "regra de ouro" também em 2019. E talvez até nos exercícios seguintes.
A ideia de deixar parte do bônus para o próximo governo também deve ajudar politicamente nos preparativos do leilão. O Ministério de Minas e Energia já iniciou conversas com o Tribunal de Contas da União (TCU) para lançar o edital em agosto, mas dificilmente o leilão ocorrerá antes do último trimestre, quando já haverá um presidente eleito ou próximo de se eleger. Adiando parte da arrecadação para 2019 ou além, o governo Michel Temer evitaria eventual resistência de seu sucessor em relação ao que deverá ser o maior leilão da história do mercado internacional de petróleo.
Em 2010, no processo de capitalização da Petrobras, seis blocos com 5 bilhões de barris de petróleo foram cedidos à estatal. Laudos indicam que há um excedente de 6 a 15 bilhões. Além disso, a produtividade dos campos é maior do que a imaginada inicialmente.
Fonte: Valor