A forte queda da produção industrial em abril pode ter marcado o pior momento do setor em meio à pandemia de covid-19, mas é cedo para dizer se já haverá uma retomada, afirma Renata Mello Franco, economista do Ibre-FGV. “Não esperamos um aprofundamento da queda de abril. Mas ainda há uma incerteza muito grande [sobre a economia]”, afirmou.
A sondagem de confiança da indústria de transformação, que devolveu em maio uma pequena parte do forte recuo em abril, aponta que a produção pode não ter aprofundado a queda, mas se manteve num nível muito baixo. A utilização da capacidade instalada subiu de 57,3% para 60,3% entre abril e maio.
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Renata destaca que os segmentos que mais caíram foram aqueles relacionados ao nível de confiança de empresas e famílias, como máquinas e equipamentos, móveis e eletrodomésticos, além do segmento automotivo, que, com as fábricas fechadas, teve queda de mais de 90% na produção.
“São produtos que dependem de certeza de renda, de previsibilidade. A queda de produção desses itens também afeta outras partes da indústria. Por isso, o desempenho do mercado de trabalho vai ser importante para saber como vai ser seu desempenho”, disse a economista.
Enquanto isso, as incertezas sobre a pandemia continuarão afetando a decisão de investimento das empresas. “A categoria de bens de capital estava dependendo basicamente do mercado interno”, afirmou.
Bens duráveis — que compreende veículos, eletrodomésticos e móveis, por exemplo — e bens de capital — onde estão máquinas e equipamentos e caminhões — foram as categorias que registraram as maiores quedas em abril, de 79,6% e 41,5%, respectivamente, na comparação com março.
Fonte: Valor