As previsões – de diversas origens – para o corrente ano não estão favoráveis ao Brasil. A única boa nova é que o saldo comercial deverá atingir US$ 5 bilhões, de acordo tanto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) como com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Um vez que o déficit de transações correntes, no ano passado, superou US$ 90 bilhões, o saldo é pequeno. No entanto, há que se louvar um segmento com ganho, pois o Brasil perde em remessa de lucros, juros e dividendos, em turismo e tudo mais. Em fretes marítimos, a perda é enorme, pois a nação, que Barack Obama diz ser potência, não tem sequer um navio porta-contêiner para levar exportações e trazer importações. O déficit de fretes é estimado em US$ 20 bilhões anuais.
Os números desmentem a tese de Dilma Rousseff – tanto na campanha como posteriormente – de pôr a culpa da crise no cenário internacional. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o mundo vai crescer 3,3%, os Estados Unidos, 2,1%, os emergentes, 4,2%, a China, 6,8%, e o Brasil deve apresentar retração de 1,5% no seu Produto Interno Bruto (PIB). Para o Brasil, a CNI prevê menos 1,6%, e a Consultoria Empiricus aposta em perda de 2%.
O desemprego pulou de 7% para 8,1% em um ano e, em maio último, segundo dados oficiais, já havia 8,2 milhões de desempregados. E não se prevê melhoria à vista, uma vez que a CNI estima em 7,7% a queda no investimento. Como se sabe, o investimento é a semeadura do emprego. Sem pôr a semente na terra, o fruto não surge por vontade divina. Gabriel Ulyssea, da PUC-Rio, confirma o que todos sabem: “O desemprego atinge mais os trabalhadores de menor qualificação”.
Dizem que quem não apóia o ajuste é mau cidadão. Mas a CNI tem posição mais técnica: “Os ajustes fiscal e monetário – necessários para recompor os fundamentos macroeconômicos do país – vieram acompanhados de tímidas medidas pró-competitividade, tornando a deterioração da atividade mais intensa”. A produção industrial, de acordo com a CNI, deve cair 3,8% este ano. A CNI prevê que, em dezembro, os juros estarão em 14,25% e o dólar a R$ 3,25. O fluxo de comércio exterior registrará exportações de US$ 202 bilhões e importações de US$ 197 bilhões, um nível bem inferior aos US$ 461 bilhões de movimentação externa de 2013. Há dois anos , o fluxo de comércio se aproximava de meio trilhão de dólares e agora deve ficar abaixo de US$ 400 bilhões.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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