Ao mesmo tempo que o setor de setor de construção civil vive uma fase de acomodação, áreas ligadas à infraestrutura, como petróleo, telecomunicações e energia ganharam importância nos negócios da indústria de fios e cabos elétricos no Brasil, impulsionando os resultados das empresas em 2011. Essa tendência deve continuar e, para este ano, as companhias do setor apostam ainda nos segmentos de transportes e energias renováveis.
Com faturamento estimado em R$ 6,5 bilhões, o setor de fios e cabos cresceu cerca de 20% no ano passado. Segundo projeções do Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo (Sindicel), o segmento de fios e cabos em cobre avançou 6% em 2011, enquanto o dos materiais em alumínio cresceu 35%, estimulado principalmente pelos projetos de linhas de transmissão das regiões centro e norte.
"O ano passado foi de recuperação", afirmou o presidente da Wirex, Rudney Cesar Amirati. "Neste ano, queremos começar um investimento para novas linhas de produtos específicos voltadas aos setores nos quais verificamos maior potencial", completou o executivo.
Estão sendo aprovados na empresa investimentos de R$ 10 milhões a R$ 16 milhões para o período de julho de 2012 a julho de 2013, recursos a serem destinados ao aumento de capacidade. A companhia - a única nacional dentre as grandes de fios e cabos elétricos - tem como principal negócio o segmento de cabos especiais, que atendem áreas industriais como mineração e siderurgia. Esse segmento representa cerca de 65% do resultados da fabricante. O restante são os cabos padronizados (voltados para o mercado de construção civil), cabos de alumínio, para transmissão de energia, e cabos de bateria para o setor automotivo.
Em julho de 2011 a Wirex já tinha iniciado o aporte de R$ 10 milhões na modernização de capital fixo e na compra de novas máquinas, para ampliar a capacidade produtiva em 20%. Hoje a empresa consegue processar 12 mil toneladas por ano de cabos de cobre e 5 mil toneladas anuais de cabos de alumínio. O seu faturamento cresceu cerca de 15% em 2011, para R$ 350 milhões. Segundo o executivo, o ano representou um novo fôlego para os resultados do setor, que sofreu com altos estoques em 2010 e 2009, resultados da crise financeira internacional.
A Prysmian, outra fabricante de fios e cabos elétricos de grande atuação no país, também cresceu bem, cerca de 20% em 2011, frente a 2010, quando faturou R$ 1,3 bilhão no Brasil. "Na área de telecomunicações o ano passado talvez tenha sido o melhor da história, em termos de encomendas", afirmou o presidente da empresa para América do Sul, Armando Comparato Júnior. Segundo o executivo, os lucros subsidiária da multinacional italiana avançaram 6%.
A empresa teve em 2010 a maior parte dos resultados vindos da indústria e da construção civil. Mas, com o impulso dos investimentos em banda larga, o setor de telecomunicações passou a ser o mais importante, representando 20% dos resultados da companhia em 2011. Segundo Júnior, o setor de petróleo também cresceu, enquanto, a indústria automobilística e da construção civil decepcionaram.
Com sete fábricas no país - em São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo - a Prysmian já informou que planeja novas unidades para aumentar a capacidade de linhas de cabos para infraestrutura. "Os cabos de alta tensão vão bem em todo o mundo. Para o ano que vem, esperamos que a área de cabos especiais também tenha bom potencial", explicou o executivo. As projeções dele para 2012 apontam para crescimento de 15% no faturamento da companhia. Com subsidiárias em 39 países, os resultados globais da Prysmian somaram € 4,5 bilhões em 2010.
Na mesma linha, a Wirex prevê um avanço de 12% a 15% no faturamento em 2012. "Esperamos que as energias renováveis, como a eólica, demandem mais o uso de cabos. Acreditamos que o setor metroviário também tende a crescer", explicou Amirati. A companhia tem uma fábrica em Santa Branca (SP), uma unidade operacional em Quatis (RJ).
As previsões do Sindicel apontam para um avanço menor do setor neste ano. Para a entidade, a indústria de fios e cabos elétricos deve crescer no intervalo de 5% a 7%. "Os investimentos direcionados a infraestrutura continuarão impulsionando a indústria de fios e cabos. Os setores automotivo, naval, óleo e gás e a construção civil - já com foco na Copa, em 2014 - também devem contribuir", explicou Sérgio Aredes, presidente do Sindicel.
Fonte:Valor Econômico/Vanessa Dezem | De São Paulo
PUBLICIDADE