Quando o assunto é comércio exterior, é possível dizer que o Ceará começou 2016 da mesma forma como encerrou o ano passado, ou seja, com déficit na balança comercial. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), as exportações do Estado somaram US$ 77,6 milhões em janeiro, enquanto as importações atingiram US$ 100,3 milhões no período. Com o resultado, portanto, a balança cearense apresentou um saldo negativo de US$ 22,6 milhões.
Entretanto, levando-se em consideração os produtos importados durante o mês, o resultado não preocupa, pois entre os principais itens estão insumos para o setor produtivo, como a hulha betuminosa (tipo de carvão mineral com betume) que movimentou US$ 18 milhões, representando a maior participação das importações do Ceará em janeiro, com 18% do total. Outros tipos de hulha tiveram participação de 5,23% das importações, com US$ 5,2 milhões.
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A hulha é destinada principalmente à Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e à Usina Termelétrica do Pecém. "A gente vai ter uma tendência de déficit porque estamos começando a importar matéria-prima para a CSP e para a Silat (Siderúrgica Latino-Americana). Então, são investimentos que estão sendo trazidos para a produção e que vão gerar recursos para o Estado", avalia o consultor Alcântara Macêdo.
Ele ressalta ainda que, quando a Companhia Siderúrgica do Pecém - cuja maior parte da produção será destinada ao mercado externo - estiver em operação, a balança comercial do Ceará passará a ser superavitária, de modo "muito expressivo".
Tendência
O resultado de janeiro segue uma tendência que vem sendo registrada ao longo dos últimos anos no Estado. A última vez em que a balança comercial cearense apresentou superávit para o mês foi em 2009, com saldo positivo de US$ 2,4 milhões, fruto de US$ 83,9 milhões exportados e US$ 81,5 milhões importados.
Na comparação com janeiro de 2015, porém, o déficit do estado do Ceará foi bem menor em 2016, já que, em igual período do ano passado, o saldo negativo atingiu US$ 548 milhões, conforme o Mdic.
Destaques
Outros destaques das importações em janeiro foram: aviões e outros veículos aéreos, a turbojato (US$ 7,5 milhões); outros trigos e misturas de trigo com centeio, exceto para semeadura (US$ 3,5 milhões) e glifosato e seu sal de monoisopropilamina (US$ 3,5 milhões).
Entre os itens mais exportados pelo Ceará no mês, o maior destaque pertence ao setor calçadista do Estado. A categoria "calçados de borracha ou plásticos, com parte superior em tiras ou correias, fixados à sola por pregos, tachas, pinos e semelhantes" foi a que mais gerou recursos no mês, com US$ 11,3 milhões. Na comparação com igual período de 2015, contudo, houve queda na exportação de tais produtos, já que US$ 12 milhões haviam sido gerados.
Frutas
Ainda na exportação de janeiro, a comercialização de melões frescos com outros países também foi destaque no Ceará, gerando US$ 8,8 milhões. As vendas de castanha de caju, fresca ou seca, sem casca (US$ 8,4 milhões), outros calçados cobrindo o tornozelo, parte superior de borracha, plástico (US$ 7,2 milhões) e couros e peles, incluindo as tiras, de bovinos, preparados, divididos, com o lado flor (US$ 5,3 milhões) também se destacaram no período.
EUA, Holanda e Reino Unido
O principal destino das exportações cearenses em janeiro foram os Estados Unidos, com US$ 18,8 milhões, ou seja, 24,2% do total das exportações. Holanda (US$ 8,9 milhões), Reino Unido (US$ 4,7 milhões), Hungria (US$ 4,6 milhões) e Itália (US$ 4,4 milhões) compõe a relação dos cinco principais destinos.
Já o país que mais vendeu produtos para o Ceará foi a China, com o valor de US$ 24,8 milhões no total das importações do Estado em janeiro deste ano.
Países como Estados Unidos (US$ 16,4 milhões), Colômbia (US$ 13,7 milhões), Moçambique (US$ 5,2 milhões) e Alemanha (US$ 4,7 milhões) também tiveram grande participação no que foi importado pelo Ceará no primeiro mês do ano.
País tem bom resultado
Nacionalmente, a balança comercial registrou um bom resultado, tendo que vista que obteve superávit de US$ 923 milhões em janeiro, o primeiro resultado positivo para o mês inicial do ano desde 2011. O resultado também é o maior superávit para o mês desde o ano de 2007.
No mês, as exportações nacionais alcançaram a cifra de US$ 11,246 bilhões - o que representa uma retração de 13,8% contra um ano antes. Já as importações somaram US$ 10,323 bilhões - uma queda de 35,8% frente a janeiro anterior.
Fonte:Diário do Nordeste (CE)/Aquila Leite/Bruno Cabral