O Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais registrou queda de 1,4% em outubro de 2021, na comparação com o mês de setembro, conforme divulgação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No trimestre móvel encerrado em outubro houve recuo de 3,3%, porém, apesar do resultado negativo, houve crescimento de 8,6% no acumulado do ano.
Essa alta acumulada no ano até outubro é maior que o crescimento da produção industrial (5,7%) — no indicador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF).
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Nessa publicação, o indicador foi calculado pelo Ipea já levando em consideração mudanças metodológicas na contabilização das estatísticas de comércio exterior implementadas pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex) e pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
O indicador calcula a demanda interna por bens industriais -- por meio da produção industrial interna não exportada, acrescida das importações. Entre os componentes do consumo aparente, verificou-se que a produção interna destinada ao mercado nacional recuou 2,7% em outubro e as importações de bens industriais tiveram alta de 2,6% no mesmo período — na comparação com setembro com ajuste sazonal.
Na comparação com outubro de 2020, o indicador registrou queda de 4,6%. No trimestre móvel, houve retração de 0,9% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado em doze meses, a demanda teve alta de 8,2%, enquanto a produção industrial, medida pela PIM-PF do IBGE, registrou crescimento de 5,6%. Os pesquisadores observaram que, ao contrário do que ocorreu em 2020, neste ano, a demanda cresceu mais que a produção industrial brasileira.
Entre as grandes categorias econômicas, todos os segmentos apresentaram queda, com exceção da demanda por bens de capital, que avançou 1,1%. O segmento de bens de consumo duráveis foi o destaque negativo em outubro, com recuo de 4,9%. Na comparação com outubro do ano passado, com exceção da demanda por bens de capital, que teve crescimento de 2,6%, os demais segmentos apresentaram queda.
Com relação às classes de produção, houve estabilidade na demanda interna por bens da indústria de transformação, com pequena queda de 0,1% em relação ao mês de setembro. O recuo de 21,3% na extrativa mineral mais que compensou a alta de 13% no período anterior. Na análise setorial, apenas cinco dos 22 segmentos avançaram, com destaque para os segmentos de petróleo e derivados (7,7%) e outros equipamentos de transporte (4,2%).
Na comparação interanual dos setores, oito segmentos apresentaram alta. No rol dos mais relevantes, o de outros equipamentos de transporte, beneficiando-se de uma baixa base de comparação, destacou-se com crescimento de 152,1% sobre outubro de 2020. No acumulado em doze meses, exceto o segmento produtos alimentícios, todos os demais apresentaram variação positiva, com destaque para a metalurgia (+ 30,3%).
Efeito das mudanças metodológicas no indicador
A divulgação do Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais, referente ao mês de outubro, já considera as mudanças metodológicas realizadas pela Funcex no cálculo das estatísticas de comércio exterior.
As mudanças metodológicas recentemente implementadas na Secex e na Funcex, embora continuem contabilizando as importações realizadas no passado sob a forma temporária, retiraram das estatísticas aqueles bens com origem do Brasil.
Embora os benefícios tributários concedidos pela regra aduaneira tenham afetado bens classificados em vários grupos econômicos, grande parte das distorções provadas tiveram efeito nos investimentos por meio da expansão da absorção interna do componente máquinas e equipamentos. Entre os principais produtos associados às atividades de prospecção e exploração de petróleo e gás natural, estão as plataformas de petróleo, de altos valores que provocaram impactos relevantes. Comparando o volume de exportações e importações de bens de capital após a implementação das novas regras de contabilização, nota-se que esse efeito parece ter ocorrido de maneira mais significativa nos anos de 2018 e 2020.
Levando em conta o cálculo do consumo aparente de bens de capital, os efeitos ocorrem de maneira similar. Comparando os resultados seguindo as duas metodologias de contabilização das importações e exportações, enquanto a diferença é pequena no ano de 2019, nos anos de 2018 e 2020, houve mudanças mais relevantes. Enquanto o crescimento em 2018 teria reduzido de 18,5% para 15,4%, a queda computada pelo Indicador Ipea de Consumo Aparente teria sido consideravelmente maior, passando de -1% para -8,3%.