A queda da barreira sanitária à importação de carne suína e bovina de Santa Catarina não deverá ter impactos econômicos relevantes para os produtores americanos, afirma relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).
Não são esperadas importações de bovinos, já que Santa Catarina não é grande produtor de animais para corte, segundo a avaliação das autoridades americanas. As projeções indicam que os embarques de produtos suínos aos EUA devem equivaler a 3% das importações americanas no segmento.
Há alguns dias, o USDA abriu para consulta pública uma regulação que declara Santa Catarina como região livre de febre aftosa e outras doenças que afetam rebanhos bovinos e suínos. Os americanos dizem que a derrubada da barreira sanitária é uma das compensações para evitar que o Brasil imponha retaliações no caso do algodão, disputa sobre subsídios que foi arbitrada na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Mas os EUA iam resolver a questão dos suínos antes mesmo do caso do algodão. Em meados de março, antes de os EUA apresentarem uma proposta concreta para o caso do algodão, o USDA já havia sinalizado a uma comitiva do governo brasileiro que as barreiras sanitárias aos produtos suínos de Santa Catarina poderiam ser suspensas.
Na ocasião, o subsecretário para assuntos de regulação do USDA, Edward Avalos, disse que a consulta pública para a nova regulação sairia em cerca de 60 dias -- ou seja, até meados de maio. .
" A regra proposta não deverá ter um impacto econômico significativo para pequenos produtores, porque não se espera que vá resultar em exportações de carne bovina ou outras para os Estados Unidos " , afirma o relatório econômico preparado pelo USDA. " Santa Catarina tem menos de 3% do rebanho bovino brasileiro, a maioria gado leiteiro. "
O relatório do USDA cita estimativa da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), que calcula em 10 mil toneladas as exportações anuais brasileiras de carne suína para os Estados Unidos, caso a barreira sanitária seja derrubada. " Seria equivalente a 2% das exportações brasileiras de suínos e 3% das importações de suínos dos Estados Unidos " , diz o relatório da USDA.
Em 2008, diz o USDA, os Estados Unidos ultrapassaram a União Europeia como o maior exportador de suínos do mundo, com 2,1 milhões de toneladas, colocando seus produtos em mercados como Japão, México, Canadá e Rússia.
Embora as exportações projetadas do Brasil para os Estados Unidos não sejam relevantes, a queda da barreira sanitária é considerada importante. A aprovação pelo rigoroso USDA deverá derrubar barreiras sanitárias em outros países e abrir novos mercados para a carne suína brasileira. O Brasil pede a liberação da importação de carne de Santa Catarina há pelo menos dez anos.
O Brasil ganhou o direito de impor US$ 830 milhões retaliações a produtos americanos em disputa que se arrastou por mais de uma década na OMC, que questiona os subsídios americanos à produção de algodão. Os Estados Unidos acenaram com uma negociação concreta no início deste mês que envolve, entre outros, o fim da barreira sanitária à importação de suínos e bovinos de Santa Catarina.
Fonte: Valor Econômico/ Alex Ribeiro, de Washington
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