De olho no próximo leilão, em novembro, grupo busca chamar atenção ao potencial da região e atrair companhias do setor
Aquele vento frio e úmido que sopra constantemente no litoral gaúcho não serve só para refrescar – ou espantar – os veranistas das praias. É uma característica que garante as melhores condições para geração de energia.
Local de grande incidência do fenômeno, a região sul do Estado se une para aproveitar o potencial eólico. A ideia é de que o Rio Grande do Sul participe com sucesso do próximo leilão de energia, marcado para novembro, e evite a repetição do cenário da última licitação, quando os parques eólicos locais sequer se inscreveram.
Com o início das atividades em Palmares do Sul em 2010, o Litoral Sul tem cerca de 700 megawatts (MW) de capacidade prontos para operar. A ideia é que 14 parques entrem em funcionamento em até cinco anos em seis municípios – Palmares do Sul, Chuí, Rio Grande, Mostardas, São José do Norte e Santa Vitória do Palmar. O potencial ainda a ser explorado passa dos 3 GW.
Um comitê será montado para debater as melhores alternativas de aproveitamento do potencial eólico da região com os agentes do setor (governos, empresas e proprietários rurais). No evento, que deverá ser realizado até fim de outubro, serão avaliados os gargalos e as vantagens.
Entre as dificuldades, a demora para obter os licenciamentos é apontada como o maior entrave. Foram justamente as complicações para ter a liberação que impediram a participação dos parques eólicos no último leilão. Entre os Estados produtores de energia eólica, o Rio Grande do Sul é o único que exige licença do patrimônio histórico além da ambiental. Na região sul, todos os parques cumpriram as exigências apontadas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), inclusive respeitando a rota migratória das aves.
Vinda de empresas pode baixar custo de logística
Enquanto a demora da documentação é um entrave, a capacidade produtora e as áreas disponíveis para instalar de fábricas de peças a parques eólicos são vantagens que deverão ser apresentadas no evento. Secretário de Desenvolvimento, Indústria, Emprego e Renda de Rio Grande, Jordano Marques afirma que a cidade recebeu sondagens recentes de empresas construtoras de pás para parques eólicos:
– São importantes companhias, mas não posso revelar seus nomes.
A maior parte das construtoras eólicas está localizada em São Paulo e na Região Nordeste. Para chegar até os parques gaúchos, muitas vezes atravessam o país por estradas, mobilizando órgãos de segurança e empresas de logística. A presença das companhias na região sul poderia, entre outros benefícios, diminuir viagens e valores.
– Atrair empresas para cá é a saída para diminuir os custos de logística – comenta Eberson Silveira, coordenador de energia e comunicações da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI).
O potencial
O Rio Grande do Sul tem 1,5 gigawatt (GW) de energia eólica contratada para entrar em operação até 1º de janeiro de 2017, divididos em 59 parques. A quantidade é energia suficiente para abastecer 2,25 milhões de pessoas. Isso deve representar investimentos ao redor de R$ 6,2 bilhões.
Este é considerado apenas 1% do potencial gaúcho. Segundo estimativas do atlas eólico, o Estado tem capacidade para gerar mais de 115 GW com pás a 100 metros de altura.
Fonte: ZERO HORA/Rafael Diverio
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