Reduções de custos, aumento na produção e a elevação do nível dos preços do petróleo ajudaram as produtoras europeias a entregar melhores resultados no segundo trimestre. Empresas como Shell, Statoil, Total e Repsol divulgaram seus balanços ontem com os resultados impulsionados por esses fatores.
A exceção do grupo é a francesa Total, que viu uma redução de 2% na última linha do seu balanço, para € 2,04 bilhões. Apesar disso, a receita da empresa subiu 7% no período na comparação anual, somando € 39,9 bilhões. Os resultados da companhia foram beneficiados por cortes de custos que levaram a um aumento significativo no fluxo de caixa, sinalizando que a empresa continua a olhar para as novas oportunidades de investimento, apesar da pressão atual do preço do petróleo.
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Além dos esforços de redução de custos, o desempenho foi impulsionado por um aumento de 3% na produção, para 2,5 milhões de barris equivalentes por dia, particularmente em projetos de margem elevada. A empresa busca um crescimento da produção de mais de 4% neste ano.
Lucro líquido ajustado da Shell aumentou para US$ 1,9 bilhão, ante US$ 239 milhões no mesmo período de 2016
O tom confiante reflete uma campanha para reduzir os custos em todo o negócio em resposta à intensa pressão de uma queda dramática nos mercados de petróleo. Nos últimos três anos, o preço da commodity baixou de US$ 114 para US$ 27 o barril antes de se recuperar para o atual nível de US$ 50.
No caso da anglo-holandesa Royal Dutch Shell, foi possível registrar um aumento de 31,5% no lucro líquido atribuível aos controladores, para US$ 1,54 bilhão. A receita da empresa de abril a junho foi de US$ 72,13 bilhões, crescimento de 23,5% sobre igual intervalo do ano passado.
No trimestre, a produção de óleo e gás da empresa foi de 3,49 milhões de barris equivalentes diários (boed), uma pequena queda de 0,4% ante igual intervalo um ano antes. O lucro do segundo trimestre subiu de forma mais acentuada devido ao forte aumento da geração de liquidez, o que mostra que a companhia continua a se adaptar às oscilações do petróleo.
No intervalo, a Shell informou ter registrado perdas de US$ 695 milhões com itens especiais relacionados a alienações em áreas petrolíferas e despesa de US$ 183 milhões relacionada a impacto do enfraquecimento do real em uma posição de imposto diferido.
O lucro líquido ajustado a custos de substituição da petrolífera, um indicador relevante para o setor, aumentou para US$ 1,9 bilhão, ante US$ 239 milhões no mesmo período do ano passado. Os resultados foram impulsionados pela ligeira recuperação do preço do petróleo no comparativo anual, embora baixas contábeis relacionadas com venda de ativos tenham pesado no lucro total.
A recuperação nos preços também ajudou a espanhola Repsol a elevar o lucro líquido em 79% no segundo trimestre deste ano, para € 367 milhões. Ainda contribuíram para o resultado a redução de custos, aumento da produção no Brasil e reabertura do campo de Al Shaara, um dos mais importantes da companhia, na Líbia.
A receita operacional no mesmo período cresceu 23%, para € 413 milhões. O impacto negativo do resultado financeiro caiu significativamente, de € 138 milhões no segundo trimestre do ano passado para € 65 milhões.
No período, a estatal norueguesa Statoil conseguiu obter lucro atribuível aos controladores de US$ 1,43 bilhão, revertendo prejuízo de US$ 307 milhões no mesmo trimestre de 2016. O desempenho também é resultado da alta de preços e da continuidade da política de corte de custos da operação conduzida pela administração.
A receita bruta teve crescimento de 37% no período, ficando em US$ 14,86 bilhões. Além dos preços mais elevados, também para gás, e um maior volume de produção, a empresa atribui os resultados a uma reversão de provisão na Angola, no valor de US$ 754 milhões.
A Statoil espera alta de 5% na produção do ano. Antes falava em algo entre 4% e 5%. Ainda assim, a expectativa de crescimento orgânico da produção anual de 2016 a 2020 foi mantida na faixa dos 3%.
Os custos de capital ainda devem ficar no nível visto em 2016, segundo a empresa, em US$ 11 bilhões, enquanto a projeção em relação aos custos de exploração aponta para uma redução, ficando em US$ 1,3 bilhão - a estimativa anterior era de US$ 1,5 bilhão.
Fonte: Valor