O minério de ferro conseguiu se manter imune às turbulências dos mercados nas últimas semanas, geradas principalmente após a China permitir a desvalorização do yuan. Enquanto o petróleo e as commodities metálicas vem caindo diante das incertezas da economia mundial, o minério se manteve na casa dos US$ 56 a tonelada.
Na opinião de Melinda Moore, analista da área de commodities do Standard Bank, existe um equilíbrio entre oferta e demanda que mantém os estoques na China dentro de padrões que ajudam a segurar a cotação. E, na opinião dela, não há expectativa de carregamentos relevantes à China, o que pode continuar segurando a cotação do insumo.
Melinda afirma que uma mudança nesse cenário deve ocorrer quando os estoques em portos chineses ultrapassarem as 85 milhões de toneladas, o que é aguardado até o fim do ano. Atualmente, a média de estocagem da commodity na China encontra-se em 81 milhões de toneladas. A analista diz que nos próximos 15 dias os carregamentos previstos para o gigante asiático não são altos o suficiente para impulsionar esses volumes, então vendas mais significativas só seriam realizadas próximo ao fim de setembro.
Na sexta-feira, o minério com teor de 62% de ferro, referência do mercado e negociado no porto chinês de Qingdao, fechou em US$ 56,10 por tonelada. A alta, frente ao dia anterior, foi de 0,5% e no acumulado do mês de agosto, chega a 6%. A trajetória contraria as projeções de analistas, que esperavam patamar mais perto de US$ 45 neste trimestre.
Mas Ben McEwen, do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), especialista na commodity, afirma que a perspectiva continua de queda. "Me surpreendeu essa resistência dos preços nas últimas semanas. Mas eu já antecipo um enfraquecimento daqui para frente", disse. Um dos principais motivos que impede o cenário de sobrecapacidade foi o acidente no porto de Tianjin, também na China, explica o analista.
Além disso, com nível acima de US$ 50 por tonelada persistindo durante um período mais longo de tempo, as produtoras chinesas de mais alto custo podem voltar a colocar seu produto no mercado doméstico, disse McEwen. O analista pondera que não há dados suficientes que comprovem o movimento ainda, mas acrescenta que pequenas mineradoras australianas começam a fazer o mesmo.
Melinda classifica o ambiente no curto prazo como balanceado, em termos de oferta e demanda, se forem considerados os preços atuais do insumo. Mas como as grandes mineradoras já sinalizaram que não vão aliviar no lado da capacidade, a tendência é que o desequilíbrio volte a se intensificar, diz Carsten Menke, do banco suíço Julius Baer.
A maioria dos analistas manteve as projeções para o fim de 2015 e para o ano que vem, em patamares entre US$ 40 e US$ 45 a tonelada, o que confirmaria que a estabilidade deve ser temporária.
Fonte: Valor Econômico\Por Renato Rostás | De São Paulo
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