A transição de comando na Vale começou há duas semanas. Nesse período, o novo presidente executivo da mineradora, Murilo Ferreira, tem dado expediente diário na empresa, do início da manhã ao final da tarde. Ele está instalado numa sala do 19º andar, o mesmo onde despacha Roger Agnelli, que lhe foi cedida pelo presidente do conselho de administração da empresa, Ricardo Flores, para que possa receber pessoas e se reunir com os diretores-executivos para se informar sobre os negócios da companhia. No dia 20, sexta-feira, Agnelli deixa a presidência da Vale pela manhã e Ferreira assume em seguida.
No fim da semana passada, ocorreu a primeira baixa na diretoria da Vale, com a saída de Carla Grasso, diretora-executiva de Recursos Humanos e Serviços Corporativos. Por vontade própria, depois de chegar a um acordo com a empresa, a executiva deixou a mineradora onde trabalhava desde 1997, logo depois que a Vale foi privatizada. As funções de Carla foram acumuladas provisoriamente pelo próprio Agnelli, de quem foi amiga de infância. A notícia não surpreendeu o mercado, pois eram fortes os rumores de que a executiva ia deixar a companhia antes de Agnelli deixar a presidência-executiva, pois se tratava de uma pessoa da extrema confiança do executivo.
Durante essa fase de transição, o convívio entre os "dois presidentes" da Vale - o que vai sair e o que vai entrar - tem sido cordial, mas pouco se cruzam, segundo testemunhas. As salas que ocupam no 19º andar ficam em extremos opostos. Ferreira é discreto e não se manifesta em relação aos assuntos da companhia, pois Roger ainda é o presidente.
O foco do novo presidente nessas idas a Vale, segundo fontes próximas, tem sido o contato com a diretoria-executiva para se atualizar dos assuntos da empresa, da qual saiu em 2008, e avaliar como funciona a nova estrutura funcional da diretoria. No ano passado, Agnelli fez uma grande alteração nessa estrutura. Foram muitas as mudanças nas funções dos executivos. Alguns diretores tiveram suas funções completamente alteradas, como o caso de José Carlos Martins, que respondia pelas operações de minério de ferro e passou a cuidar da área de marketing, vendas e estratégia.
Ferreira pretende verificar se esse modelo de gestão operacional está funcionando e se os executivos se adaptaram bem às novas funções. Caso contrario, mesmo antes de pensar em nomes para a diretoria, terá que fazer mudanças na estrutura.
O convívio recente vem sendo bom para Ferreira conhecer os novos diretores. Muitos deles são desconhecidos do presidente nomeado, como Guilherme Perboyre Cavalcanti, que substituiu Fábio Barbosa na direção executiva de Finanças e Relações com Investidores, Eduardo Jorge Ledsham, diretor-executivo de exploração, energia e projetos, e Mário Alves Barbosa Neto, de fertilizantes. Do tempo em que Murilo era diretor da Vale, só restam no time de executivos José Carlos Martins e Tito Martins.
Fonte: Valor EconômicoVera Saavedra Durão | Do Rio
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