Câmbio médio favorável e a elevação de vendas no mercado doméstico de aço podem ter impulsionado a receita da Gerdau no primeiro trimestre, avaliam analistas. Todavia, custo maior de matéria-prima na América do Norte e o volume menos intenso para esse mercado devem derrubar as margens da companhia. O balanço está previsto para ser divulgado amanhã.
Levantamento com quatro bancos mostra que a média de projeções de Itaú BBA, Goldman Sachs, UBS e Votorantim Corretora aponta para R$ 411 milhões de lucro líquido entre janeiro e março. Mas as previsões do Itaú destoam muito do restante, em R$ 1,25 bilhão. Sem esse banco, essa média cairia para R$ 131 milhões.
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No mesmo período do ano passado, os ganhos da siderúrgica gaúcha chegaram a R$ 267 milhões. Além da parte operacional, o endividamento do grupo em dólares fechou o ano passado com 82% denominados em dólar e pode pesar largamente no resultado financeiro - a moeda americana teve 11% de alta perante o real de março de 2015 para o mesmo mês de 2016.
Mas o dólar mais caro também ajuda a Gerdau na linha de faturamento. Nesse caso, a taxa cambial média é mais apropriada para entender a evolução - a valorização foi de 36%, para R$ 3,90. Mais de 60% desse valor vem do exterior para a siderúrgica. Os mesmos bancos esperam receita líquida de R$ 11,26 bilhões. O crescimento também em comparação anual seria de 7,8%.
A expectativa é que as vendas tenham sido reduzidas na América do Norte durante o período. No restante do mundo, principalmente com aços especiais, o volume comercializado é previsto em alta pelos analistas. No Brasil, os bancos esperam nível mais próximo ao observado no quarto trimestre, de 815 mil toneladas.
As instituições ainda têm média de estimativa de R$ 1,02 bilhão para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da empresa, queda de 6,7% sobre as mesmas bases. A margem sobre o indicador iria de 10,4% para 9%, redução de 1,4 ponto percentual.
O motivo dessa baixa, explicam os analistas, seria o menor "metal spread" - a diferença entre o custo da matéria-prima e o preço do aço comercializado - nos Estados Unidos. A própria queda nos volumes destinados ao mercado externo também derrubaria a rentabilidade, dizem.
Fonte: valor Econômico/Renato Rostás | De São Paulo