Tome cuidado, Petrobras. A companhia completou a maior oferta de ações do mundo e está sentada sobre reservas de petróleo vastas, mas difíceis de acessar. Mas ela não terá todo o petróleo do Brasil para si. Com o acordo da Sinopec na sexta-feira, pelo qual adquiriu 40% dos ativos brasileiros na Repsol, a China fincou a sua bandeira ao alcance de Copacabana. A iniciativa chinesa lhe confere uma participação nas reservas do pré-sal na plataforma continental, transformando o Brasil no novo queridinho do mundo do petróleo.
A US$ 7,1 bilhões, o acordo, pelo qual a Sinopec comprará novas ações na Repsol Brasil, é uma migalha comparada com a oferta de ações de US$ 67 bilhões da Petrobras do mês passado. Mas ele demonstra como os ativos petrolíferos brasileiros estão caros e como estão atraentes para compradores com grandes apetites. A compra da Devon Energy pela BP por US$ 7 bilhões em março lhe proporcionou uma importante exposição ao Brasil (ela poderia ter sido uma proponente pelos ativos da Repsol, não fosse por seus infortúnios no Golfo do México). A Repsol Brasil possui reservas de cerca de 1,2 bilhão de barris de petróleo. O apetite da China pela commodity é bem conhecido. Frequentemente circulam rumores de que a Sinopec se aliaria numa sociedade com a OGX, outra produtora de petróleo brasileira que pode estar aberta a esse tipo de acordo.
O grande vencedor resultante da transação é a Repsol. O grupo espanhol vem planejando uma oferta pública inicial para a sua unidade no Brasil. Agora, em vez de deter 100% de uma companhia que teve uma provável avaliação máxima de oferta inicial de US$ 11 bilhões, ela terá 60% de outra companhia que vale quase US$ 18 bilhões, mais US$ 7 bilhões em caixa para custear mais exploração e produção. As ações da Repsol registraram valorização de quase um terço desde o começo de maio. Se conseguir alavancar a transação do Brasil para obter cooperação chinesa adicional na Argentina e Venezuela, o presidente do conselho de administração da Repsol, Antonio Brufau, poderá ser capaz de manter essa dinâmica.
Fonte: Valor Econômico/Financial Times
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