A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera a consolidação do ajuste fiscal no próximo ano "um imperativo para a recuperação da confiança e dos investimentos". A avaliação é do gerenteexecutivo de política econômica da entidade, Flavio Castelo Branco. Ele ressaltou, entretanto, que "o processo de ajuste fiscal exige atenção para não
prejudicar avanços em outras agendas".
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, "2017 será um ano duríssimo para a indústria". Segundo ele, "o Brasil, se crescer uma década a 2%, está crescendo pouco. Tínhamos que pensar em crescimento de 5% a 6% e para isso precisamos reduzir setor público e deixar economia avançar. Não temos outra alternativa."
PUBLICIDADE
De acordo com a CNI, a economia deve avançar 0,5% em 2017 (metade do previsto pelo governo). Para este ano, a CNI espera queda de 3,6% no PIB. Já o PIB industrial deverá aumentar 1,3% em 2017 ante queda de 3,9% em 2016. "Queremos que o equilíbrio fiscal seja restabelecido e a única forma é pelo gasto público, porque não temos espaço mais para aumentar carga tributária no Brasil", avalia Andrade.
"Buscar receita na economia é muito difícil. Talvez uma nova repatriação traga recursos não previstos, mas o governo vai ter que conviver com esse gasto público e esse déficit fiscal", disse o presidente da CNI. Ele também afirmou que é importante que seja realizado "um novo Refis" em 2017.
A retomada do crescimento em 2017 deve ser puxada por "uma reação dos investimentos e das exportações". Para a CNI, a formação bruta de capital fixo avançará 2,3% no próximo ano depois de cair 11,2% em 2016. As exportações devem chegar a US$ 195 bilhões em 2017, crescimento de 4% frente aos US$ 187 bilhões projetados para este ano.
Apesar disso, a CNI acredita que o desemprego aumentará em 2017, chegando a 12,4% da população economicamente ativa após terminar 2016 em 11,2%. "Precisamos voltar a gerar emprego, porque é sinal que vai ter consumo e consequentemente aumento da produção", disse Andrade.
A inflação foi considerada a boa notícia pelo presidente da CNI. As projeções da CNI apontam para aumento de 5% nos preços em 2017 após avanço de 6,6% em 2016. Já a taxa de juros, considerada "altíssima" por Andrade, deve terminar 2017 ano em 10,75%, após fechar 2016 em 13,75%.
As previsões da CNI também apontam para resultado primário negativo em 2,7% do PIB no próximo ano depois de um rombo de 2,5% em 2016. Isso deve levar a dívida bruta a atingir 76,2% do PIB em 2017. Para este ano, a projeção da CNI é que chegue a 72,1%.
Fonte: Valor Econômico/Lucas Marchesini