A produção industrial manteve trajetória de lenta recuperação em novembro, registrando novo resultado positivo, avaliam economistas. A média das projeções de 21 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta alta de 0,1% da produção industrial entre outubro e novembro, feito o ajuste sazonal.
As estimativas são bastante dispersas, indo de queda de 0,8% a avanço de 1%. Confirmada a média das projeções, o resultado representará desaceleração em relação a outubro e setembro, quando a produção registrou avanços de 0,3% e 0,2%, respectivamente. Em relação a novembro de 2016, a expectativa é de avanço de 4%. O IBGE divulga hoje a Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física.
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Na ponta mais pessimista, a Parallaxis estima queda de 0,6% para a produção industrial em novembro, na comparação mensal ajustada. Rafael Leão, economista da consultoria, explica que a indústria costuma ter um terceiro trimestre muito positivo, com a produção voltada para atender à demanda de Natal e Black Friday. "O resultado de novembro reflete a desaceleração normal que o setor sofre no quarto trimestre", afirma.
O tráfego de veículos pesados teve queda de 0,4% em novembro, na base mensal ajustada. Nos dados dessazonalizados pela Parallaxis, as vendas de papelão ondulado subiram 0,4%, a produção de veículos caiu 1%, as exportações de manufaturados recuaram 0,4% e o consumo de energia teve baixa de 0,1%. Assim, os indicadores coincidentes apontariam contração na atividade industrial na passagem de outubro a novembro.
Para Leão, a retração não é preocupante, por ser típica de um momento de retomada. "A tendência é de recuperação suave, com oscilações na margem conforme o fluxo da economia. Estamos em movimento de saída do fundo do poço, mas de forma gradual."
No extremo mais otimista, a GO Associados projeta avanço de 1% para a atividade industrial em novembro, na base mensal ajustada. O economista Luiz Castelli afirma que há indicadores antecedentes que sugerem que novembro manteve a trajetória de recuperação do setor. Ele cita a produção de aço bruto, que subiu 7,2% no dado dessazonalizado pela consultoria, a produção de papelão com alta de 1,6%, avanço de 0,3% na produção de veículos, além da melhora da confiança da indústria.
"A impressão é que o mês continua sendo positivo e mantendo trajetória de recuperação", diz Castelli. A GO Associados estima que a indústria deve fechar 2017 com avanço de 2,1%. Para 2018, a expectativa é que o setor registre uma alta de 4,5%, influenciada, como no ano passado, pelos bens duráveis e de capital.
Apesar de projetar queda de 0,5% para a produção em novembro, a Mapfre Investimentos vê potencial de melhora no médio prazo. "Há sinais positivos adicionais acerca da demanda por produtos industriais, como aumento dos salários reais, resultante da redução da inflação, e os efeitos defasados e cumulativos da redução passada da taxa básica de juros", diz a gestora em relatório. A demanda reprimida das famílias também deve estimular o consumo e a indústria.
Fonte: Valor