SÃO PAULO - O empresário Jorge Gerdau Johannpeter afirmou nesta quinta-feira que “só o mercado sabe” qual será o futuro dos preços do minério de ferro. Neste ano, o preço do produto tem renovado mínimas históricas. Mas o empresário acredita que as empresas precisam se adaptar ao cenário.
“Tem que usar a inteligência para adotar as políticas necessárias nesse quadro. Algumas empresas poderão se beneficiar”, afirmou o empresário a jornalistas, após palestra durante evento da International Organization of Securities Commissions (Iosco), que reúne diversos órgãos reguladores do mundo, realizada no Rio.
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Governança corporativa
Ao falar sobre governança corporativa no evento, o empresário defendeu que "é uma peça-chave para as empresas". De acordo com ele, no Brasil, são as empresas estatais que, hoje, têm as maiores lacunas nesse aspecto. "Onde é que tem a maior carência de governança hoje? É na própria área governamental", afirmou.
Gerdau fez parte do conselho de administração da Petrobras até abril, quando sua vaga passou a ser ocupada por indicação de acionistas minoritários da petroleira. Ele disse que gostaria de ver no setor público o mesmo nível de governança que se atingiu atualmente no setor privado brasileiro, segundo ele, "muito por influência do mercado financeiro internacional, indiscutivelmente". Para Gerdau, o incremento da governança no setor público viria em benefício da sociedade e do desenvolvimento como um todo.
“Por que a governança do setor privado funciona? Deus nos deu duas coisas, a dor e a morte . Quando a gente tem dor a gente trata. E o temor da morte faz a gente planejar e olhar para a frente porque a empresa morre se não tiver planejamento estratégico. Agora, esse temor da morte no governo não existe e, consequentemente, a governança deveria ser mais importante. Ainda mais em país como nosso, em que 40% do PIB está só com a gestão do setor público", afirmou.
Gerdau diz que não vê um debate acadêmico sobre a governança no setor público, embora haja muitos trabalhos sobre o setor privado. “Talvez estejamos vivendo um dos momentos mais interessantes desse conflito existente nas empresas estatais. Toda vez que estatal abre capital, deveria haver definição básica, não sei se pensada pela própria CVM [Comissão de Valores Mobiliários], se essa empresa vai seguir regras de mercado e atender o mercado para buscar a realização de resultados.”
O único comentário que o empresário fez sobre a Petrobras foi que, na época do bilionário aumento de capital da petroleira, a empresa se descreveu como estatal, e que teria políticas de preço. Segundo o empresário, ela fez uma “observação protecionista” de certo modo.
Fonte: Valor Econômico\Ana Paula Ragazzi