O vice-presidente José Alencar disse a empresários que a Petrobras poderá ficar responsável por todo o investimento
O vice-presidente José Alencar confirmou ontem, em um evento da virtual campanha da ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), à presidência, que a Petrobras irá construir uma fábrica de amônia em Uberaba (MG), encerrando uma polêmica que se arrasta desde o início do governo Lula. Alencar afirmou que recebeu ontem uma correspondência da diretora de Gás e Energia da estatal, Maria das Graças Silva Foster, marcando a primeira reunião para discutir a construção do empreendimento.
Conforme Alencar informou a uma plateia de cerca de 300 empresários reunidos no auditório da Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a Petrobras poderá ficar responsável por todo o investimento, inclusive a construção do gasoduto que forneceria gás natural de São Paulo para o Triângulo Mineiro.
"O Estado de Minas Gerais, na pessoa do ex-governador Aécio Neves, participou firmemente das negociações e a Cemig se colocou à disposição para fazer o gasoduto. Contudo, a Petrobras tem interesses que podem levar a ela própria fazer a interligação", afirmou o vice-presidente. A declaração surpreende, já que o próprio presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, havia afirmado que o fato de o governo mineiro se dispor a construir o gasoduto era um componente favorável para a decisão de construir a fábrica. A obra que a Cemig propôs realizar envolveria um custo de cerca de R$ 500 milhões. Estima-se que a fábrica em si deverá representar um investimento superior a R$ 1 bilhão.
De acordo com Alencar, as negociações foram tensas. "A Graça Forster é muito brava", comentou. Em tom de brincadeira, o vice disse que teve que "sacar um calibre 45" durante as conversas. O contexto era jocoso: Alencar rememorava uma anedota , segundo ele usual em Caratinga (MG), em que se procurava exemplificar como é importante o uso de uma arma para prevalecer em determinados ambientes. Mas a resistência da Petrobras em realizar o investimento era real, já que a fábrica de amônia em Uberaba estará perto do mercado consumidor, mas longe de insumos como o gás natural.
"A fábrica de amônia de Uberaba estará no mesmo patamar dos investimentos previstos na área de fertilizantes para Três Lagoas (MS), Sergipe e Espírito Santo", disse.
No último dia 19, o conselho de administração da Petrobras discutiu o tema, um dia depois de reunião entre a empresa, o ainda governador Aécio Neves e Alencar. Segundo o vice-presidente, a então ministra Dilma acompanhou as tratativas por telefone. Naquela ocasião, a hoje pré-candidata cumpria agenda de visita justamente a Uberaba.
Fonte: Valor Econômico/César Felício, de Belo Horizonte
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