A Petrobrás vai se transformar, até 2022, numa empresa do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, segundo o presidente da companhia, Roberto Castello Branco. A uma plateia de empresários cariocas, na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), ele disse que as atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural e também o refino vão se concentrar nesses três Estados.
Ele destacou o investimento planejado para o Rio de Janeiro, de US$ 54 bilhões nos próximos cinco anos. Parte desse dinheiro, US$ 20 bilhões vão ser gastos na Bacia de Campos, no norte fluminense, principalmente, para revitalizar campos produtores que entraram na fase de esgotamento e dependem de investimento para ganhar sobrevida.
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Além disso, a Petrobrás reservou US$ 4 bilhões para trazer gás do pré-sal da Bacia de Santos até a costa, transportá-lo até o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e tratá-lo numa unidade de processamento de gás (UPGN) que está sendo construída.
Para Castello Branco, “o Comperj é um desastre”. Ainda assim, a estatal estuda fazer uma parceria com a chinesa CNPC para dar continuidade à construção do complexo petroquímico. Uma das alternativas avaliadas, disse ele, é instalar no terreno uma usina térmica a gás natural.
Hoje, 4,5 mil pessoas trabalham na construção da UPGN, das quais 90% foram recrutadas na cidade de Itaboraí, onde começou a ser instalado o Comperj. Com a suspensão da refinaria que funcionaria no local, a economia da cidade entrou em crise. Agora, na fase de montagem da unidade de processamento de gás, as contratações foram retomadas. Para o ano que vem, a expectativa é que 7,5 mil pessoas estejam trabalhando na construção.
“Temos muito foco no Estado do Rio de Janeiro, que vai se beneficiar se utilizar bem os recursos gerados pelo petróleo”, disse Castello Branco.
Mais uma vez, Castello Branco afirmou que a prioridade da estatal é o pré-sal, além da continuidade do processo de redução dos custos. “Estamos nos preparando para viver bem com o petróleo a US$ 50 e até menos”, disse. “Porque sabemos que não só estamos numa indústria cíclica, como também pelo fato de o petróleo tender, ao longo do tempo, a se desvalorizar.”
Ele diz que, diante das inovações tecnológicas e da preocupação da sociedade com o meio ambiente, o consumo de petróleo e combustíveis fósseis vai cair. “A demanda vai crescer lentamente até estagnar e reduzir. Isso explica a nossa ânsia em investir no pré-sal e, ao mesmo tempo, a busca por custos baixos”, disse.
Meio ambiente
Castello Branco assinou na sexta-feira, 9, um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) pelos prejuízos causados pelo Comperj em Itaboraí e cidades vizinhas. A empresa é ré em um processo movido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, junto ao governo do Estado e o Inea.
No primeiro TAC de cinco que deverão ser assinados, os réus terão de pagar R$ 815 milhões em melhorias na região, principalmente saneamento.
Parte dos recursos serão destinados a esgotamento sanitário (R$ 60 milhões para Itaboraí e R$ 10 milhões para São Gonçalo); apoio financeiro para o Plano Municipal de Mobilidade Urbana; e apoio Financeiro para o Plano Municipal de Habitação.
Fonte: Estadão