Em meio ao enfraquecimento da atividade econômica, as empresas brasileiras apresentaram uma piora na qualidade de crédito, na avaliação das agências de classificação de risco. Neste ano, 12 companhias tiveram sua nota rebaixada pela agência Fitch Ratings - outras 8 tiveram elevação. A principal consequência de uma piora na classificação de crédito é o aumento nos custos de captação para as companhias.
A agência Moody's fez 13 rebaixamentos de companhias brasileiras nos últimos dois anos e apenas cinco elevações. Procurada, a Standard & Poor's informou que não faz esse tipo de levantamento.
O maior endividamento das companhias é resultado do aumento no volume de investimentos nos últimos anos. "As empresas brasileiras precisaram investir para reduzir a falta de competitividade em escala global", afirma Ricardo Carvalho, diretor sênior de empresas da Fitch.
"Com menor geração de caixa em relação ao esperado, o endividamento também aumentou", diz o diretor da Fitch, que credita parte desse resultado ruim à desaceleração da economia brasileira. A relação entre a dívida líquida e a geração de caixa (Ebitda) das companhias avaliadas pela agência subiu de 2,2 vezes em 2008, auge da crise financeira, para 2,9 vezes no fim do ano passado. "Não enxergamos um cenário de redução no endividamento", diz o executivo da Fitch.
Embora mais endividadas, as empresas apresentam hoje uma posição de liquidez melhor do que durante a crise de 2008, segundo Carvalho. Isso significa que dispõem de mais caixa para lidar com uma possível piora do cenário econômico no curto prazo, como uma eventual restrição no acesso ao crédito.
Essa leitura encontra ressonância nas estatísticas. O grau de endividamento corporativo em relação ao resultado operacional, que era de 128,2% no fim de 2007, passou para 208,8% em junho deste ano, segundo o Banco Central. Mas o serviço da dívida, que representa os pagamentos feitos no curto prazo, pesa menos hoje e representa 82,75% do resultado operacional, ante 87,5% cinco anos atrás. A Moody's também aponta uma melhora no perfil da dívida, com uma concentração maior de vencimentos no longo prazo.
Fonte: Valor Econômico/Vinicius Pinheiro e Felipe Marques | De São Paulo
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