Berlim (Alemanha) Presidente da Comissão de Fruticultura da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), vice-presidente da Federação das Indústrias do Ceará e sócio-majoritário da Itaueira, empresa cearense que produz e exporta melão para a Europa e para os Estados Unidos, Carlos Prado informou que foi convidado a participar no próximo dia 26, em Bruxelas, de mais uma reunião que tratará da celebração de um acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia.
As negociações têm esbarrado na posição da Argentina, impedindo um final feliz. O convite foi feito pela senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, que também estará presente ao encontro. A delegação brasileira será coordenada pelo Ministério de Relações Exteriores.
Na opinião de Prado, o Governo Federal brasileiro resolveu apostar no mercado comum regional, esquecendo que o mundo, hoje, caminha na direção dos acordos bilaterais. Na América Latina, muitos países já celebraram esses acordos, melhorando suas relações comerciais com os EUA, a Europa e a Ásia. "O setor produtivo nacional tem sido prejudicado pela posição brasileira, mas esperamos que a nova reunião em Bruxelas ponha luz sobre a questão e abra a chance real de um entendimento" - disse ele. Neste momento, não só a agricultura, por meio da CNA, mas também a indústria, com a CNI à frente, faz pressão sobre Brasília no sentido de buscar acordos bilaterais para ampliar o mercado externo brasileiro.
Fruit Logistica
Carlos Prado, acompanhado de seus filhos, que são seus sócios na Itaueira, participa em Berlim da Fruit Logistica - a maior feira de frutas do mundo. Sua empresa tem, há sete anos, um estande próprio onde expõe seus melões da marca "Rei", conhecido pela embalagem diferenciada - uma redinha que envolve a fruta. Ao Diário do Nordeste, ele antecipou que a Itaueira aumentará "em exatos 54%" suas exportações para os EUA neste ano. O incremento será resultado da persistência em produzir "um melão diferenciado no sabor, no aspecto, na embalagem e na qualidade, o que onera um pouco o esforço de produção e também o preço para o consumidor final, mas o resultado tem sido excelente", afirma Prado. A Itaueira exporta para a Itália, Espanha, Holanda e Rússia, além dos Estados Unidos, focando "em um nicho de mercado cujo consumidor é extremamente exigente". Mas o mercado interno brasileiro "tem toda a nossa atenção e para ele destinamos a maioria de nossa produção", observa.
Para Prado, a agricultura brasileira estaria melhor se o governo oferecesse boas condições "para o produtor trabalhar de forma competitiva com o resto do mundo. Precisamos de uma legislação que facilite o acesso das empresas às novas tecnologias da área de defensivos agrícolas e fertilizantes e que permita a compra de equipamentos modernos". Com certa ironia, ele lembra que o Brasil "é um dos pouquíssimos países do mundo em que o produtor paga imposto para importar equipamentos destinados à produção".
Preocupação
Ele se preocupa com a possibilidade de o Ceará enfrentar a seca pelo 3º ano consecutivo. Há o risco de faltar água para a produção agrícola. A esperança, como a de todos os agricultores cearenses, é que esteja errado o prognóstico da Funceme.
fONTE: Diário do Nordeste (CE)/Egídio Serpa
PUBLICIDADE