A valorização do dólar frente ao real continua pressionando os preços na indústria, mostram os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os setores mais expostos às variações cambiais são alimentos, outros equipamentos de transporte, fumo e metalurgia.
Em razão do avanço da moeda norte-americana, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu 0,62% em novembro, depois de registrar queda de 0,45% no mês anterior. Foi a maior alta mensal do indicador desde agosto, quando o IPP subiu 1,43% frente a julho. No ano, a alta do IPP de novembro só não foi maior que as de agosto, (alta de 1,43%), junho (1,32%) e julho (1,21%). Não por acaso, nesses meses ocorreram as desvalorizações mais intensas do real frente ao dólar: 6,78% (junho), 3,68% (julho), 4% (agosto) e 4,89% em novembro, segundo informou o instituto.
Com o resultado de novembro, o IPP acumulou alta de 5,04% no ano. Em 12 meses, o indicador teve alta de 5,47%. O IPP mede a variação dos preços dos produtos na porta de fábrica, negociados entre fornecedor e varejo, sem impostos e fretes, de 23 setores da indústria de transformação.
"O resultado de novembro praticamente reverte a queda de preços de outubro. A valorização do dólar teve grande repercussão no indicador. Sempre que há variação do dólar há volatilidade do IPP, porque temos setores como fumo e outros equipamentos de transporte que são muito dolarizados", afirmou Cristiano Santos, técnico da coordenação da indústria do IBGE.
Entre outubro e novembro, os preços de fumo e outros equipamentos de transporte subiram 5,1% e 3,08%, respectivamente.
Na avaliação do especialista, o câmbio também teve influência na alta de alimentos, de 1,22% entre outubro e novembro, e no avanço de 1,2% ocorrido no segmento metalúrgico.
A ponderação do IPP de novembro mostra que, juntos, alimentos e metalurgia tiveram peso de 28% no indicador e contribuíram com 55% da alta do índice mensal ou o equivalente a 0,34 ponto percentual.
Dentro do setor de alimentos, a valorização do dólar encareceu, principalmente, os derivados da soja, insumos como bagaços, farelos e outros resíduos da extração de óleo de soja, além de açúcar cristal e sucos concentrados de laranja. Já em metalurgia o impacto foi observado em produtos como alumínio, barras, perfis e vergalhões de cobre e de ligas de cobre.
Outro impacto para a elevação do IPP em novembro veio do setor de veículos automotores, que subiu 0,72% em novembro na comparação com outubro. O lançamento de carros elevou os preços de veículos automotores na indústria, disse Santos, do IBGE. "Existe um componente sazonal que é o lançamento de carros no fim do ano, com a atualização de modelos. Isso sempre influencia o patamar de preços", afirmou o especialista.
Ele acrescentou que o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ocorrido neste início de janeiro, também pode ter impactado o setor em novembro, num movimento de antecipação para ganhar margem nas vendas.
Segundo o IBGE, os itens que mais encareceram no segmento de veículos automotores, em novembro, foram automóveis, jipes ou camionetas, caminhão-trator, peças ou acessórios para motor, entre outros.
Fonte:Valor Econômico/Diogo Martins | Do Rio
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