As siderúrgicas Gerdau e Usiminas devem apresentar resultados mais fracos no primeiro trimestre deste ano, na opinião de analistas. A Gerdau pode ser o "destaque negativo" do setor, diz a equipe de análise do Bank of America Merrill Lynch. Na média, cinco corretoras consultadas pelo Valor estimam que a companhia obteve lucro de R$ 200,8 milhões no primeiro trimestre deste ano, queda de 46% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
Para a Usiminas, que fabrica aços planos, segmento de mercado diferente do da Gerdau, as instituições - BofA Merrill Lynch, J.P. Morgan, Deutsche Bank, Espirito Santo Investment Bank e Brasil Plural - projetam um prejuízo líquido de R$ 17,4 milhões, o que significa uma melhora na comparação com a perda de R$ 71 milhões de janeiro a março de 2012.
Os números da Gerdau, que serão divulgados em 7 de maio, virão pressionados pelos maiores custos com manutenção, já que a empresa paralisou uma unidade no Brasil no primeiro trimestre. Por outro lado, os analistas esperam resultados um pouco melhores para a Usiminas, que conseguiu compensar menores volumes com uma melhor distribuição geográfica de vendas. A siderúrgica mineira divulga seu balanço hoje.
Os analistas estimam, na média, aumento de 3% na receita líquida da Gerdau no primeiro trimestre, para R$ 9,5 bilhões, e uma queda de 12% no Ebitda, para R$ 883,8 milhões. Para a Usiminas, as perspectivas são de aumento mais expressivo na receita líquida, de 7%, para R$ 3,1 bilhões, e crescimento significativo de 57% no Ebitda, que pode ter alcançado R$ 299 milhões.
Analistas do J.P Morgan dizem que a maior variedade de produtos vendidos pela Usiminas, que também contou com menores custos de matérias-primas no primeiro-trimestre, deve contribuir para margens melhores. A estimativa deles é de uma margem Ebitda de 11% no primeiro trimestre, ante 7% no mesmo período do ano passado.
Os analistas do BofA Merrill Lynch acrescentam que os resultados da Usiminas foram puxados por preços médios levemente superiores. "Esperamos que as margens continuem a se recuperar durante 2013, mas vemos espaço para decepção nos ganhos", ressalvam em relatório. O banco é a única instituição entre as consultadas que projetou lucro para a empresa no período - de R$ 89 milhões. Já Deutsche Bank, Brasil Plural e Espirito Santos foram os mais pessimistas com a siderúrgica, prevendo perda na casa de R$ 50 milhões.
O analista Leandro Cappa, do Deutsche Bank, ressalta que os volumes da empresa no segmento de mineração de ferro devem cair, já que os embarques foram menores. "Após grandes esforços para controle de capital de giro, a empresa agora deve começar a fazer cortes de custos e despesas", acrescentam os analistas do Espirito Santo.
Em relação à Gerdau, os analistas Rodolfo, Mandeep Singh Manihani e Lucas Ferreira, do J.P. Morgan, dizem que a empresa poderá ter uma melhora em seus números apenas no segundo trimestre. Nos primeiros três meses do ano, dizem, o aumento de 5% a 6% no volume vendido acabou sendo compensado pelos maiores custos de manutenção e na divisão de aços especiais.
A melhora das vendas da Gerdau nos EUA - que subiram 10% do último trimestre de 2012 para o primeiro deste ano, na previsão do BofA Merrill Lynch - também não foram suficientes para que a companhia conseguisse melhorar seu lucro. No fim do ano passado, as operações da companhia na América do Norte foram pressionadas pela implementação de sistemas de integração, reavaliação de estoques e riscos do abismo fiscal americano, acrescentam os analistas Daniel Fonseca, Catarina Pedrosa e Felipe Machado, do Espirito Santo.
De agora em diante, o J.P.Morgan diz que as atenções se voltam para os custos da Gerdau, o aumento da produção em sua unidade de bobinas laminadas a quente e para a evolução da demanda no Brasil e na América do Norte.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso | De São Paulo
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