Os planos da Petrobras têm mudado. Envolvida em dívidas bem maiores do que o limite apresentado por seu Conselho de Administração e prevendo um arrefecimento do crescimento da demanda de petróleo, a estatal já não pensa mais em construir novas refinarias para exportar derivados. A meta é garantir o equilíbrio de demanda e oferta nacional. Partindo desse princípio, a área de Abastecimento, responsável pela atividade de refino, foi a que teve o maior corte no orçamento para o período 2014-2018, anunciado na última quarta-feira. Com isso, quem ficou no prejuízo foram as novas refinarias do Ceará, Maranhão e mesmo a do Rio de Janeiro.
Novas projeções de datas
Além de afirmar que não se compromete em construir as novas refinarias Premium - só as contratando se estas forem rentáveis à companhia -, a estatal, por mais uma vez, adiou a previsão de início de operação da unidade cearense. Agora passou para 2019, segundo informou o Diário do Nordeste com exclusividade. Essa data já foi anunciada para 2013, 2015 e, até a última quarta-feira, era 2017.
Mas não foi somente a Premium II que sofreu atraso. Questionada sobre a data de entrada em operação da usina do Maranhão, a Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, anunciou apenas a data do primeiro trem do empreendimento, que ficou para 2018.
A refinaria Premium I, em seu projeto inicial, terá o dobro da capacidade da que está programada para ser instalada no Ceará. Lá, serão dois trens com capacidade de refino de 300 mil barris de petróleo por dia. Inicialmente, a unidade maranhense começaria a operar em uma única fase, mas depois a Petrobras dividiu o projeto em dois trens. Agora, entretanto, a empresa não divulga mais para quando está previsto a segunda etapa do empreendimento.
Sem previsão
Na apresentação de seu Plano de Negócios na quarta-feira, a estatal, pela primeira vez, sequer citou o segundo trem de refino do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Esta unidade tem, em seu projeto, capacidade de 300 mil barris/dia, quase o dobro da primeira, de 165 mil barris diários e que está, no momento, em obras e com cinco anos de atraso.
"Não tem previsão, nem de longe, que se possa pensar em outra refinaria além das duas que estão em licitação", disse a presidente da Petrobras, Graça Foster, referindo-se às unidades Premium. Quando anunciadas, as plantas do Ceará e do Maranhão estavam programadas para produzirem derivados para exportação, planos que foram alterados diante do aumento da demanda interna. Hoje, a Petrobras não pensa em excesso de oferta. "Não vamos fazer mais refino para exportar porque não é negócio", disse o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, durante a apresentação do plano 2014-2018.
A sua área teve a maior redução de recursos entre as diretorias da Petrobras, com retração de 40% em relação ao plano anterior, 2013-2017. São, agora, US$ 38,7 bilhões, dos quais, apenas US$ 16,8 bilhões são para a ampliação do parque de refino. Esta monta deve incluir não só as novas refinarias Premium (I e II), como aquelas hoje em instalação: a Abreu e Lima, localizada em Pernambuco, e o primeiro trem do Comperj.
Reajustes
No ano passado, a Petrobras realizou três reajustes nos preços do diesel e dois nos da gasolina. Apesar de as medidas terem dado um alívio nas contas da estatal, não foram suficientes para impedir o crescimento de 36% em sua dívida. Os atrasos em relação à paridade internacional continuam em cerca de 17% para a gasolina e de 16% para o óleo diesel, e a situação piora a cada desvalorização do real frente ao dólar.
Por esta situação que, na quarta-feira, Graça Foster declarou, ao anunciar que as novas refinarias Premium estavam postas na recém-criada carteira de projetos em licitação: "Fizemos essa carteira na qual estão incluídas as refinarias Premium I e II, mas, efetivamente, temos toda a liberdade e obrigação de somente realizá-las se tivermos condições para isso", disse.
Na última quarta-feira, a presidente da Petrobras também afirmou que "o Plano (para 2014-2018) não exclui nenhum projeto, mas não 'se joga' em projetos que não deem viabilidade, rentabilidade á empresa".
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/Sérgio de Sousa
PUBLICIDADE