O serviço veterinário russo Rosselkhoznadzor vai embargar a importação de carne de dez unidades de frigoríficos brasileiros a partir de 9 de junho, incluindo abatedouros de bovinos e suínos da JBS, BRF e Marfrig, informou ontem, quarta-feira (27), o órgão do governo russo.
O serviço veterinário disse que sua decisão foi tomada depois de um inspeção em unidades brasileiras em março por fiscais russos, segundo a agência Interfax.
A Rússia foi o segundo maior importador de carne bovina do Brasil em 2014 e o maior comprador de carne suína brasileira. As maiores companhias que sofreram restrições têm condições de redirecionar as exportações para outras unidades ainda habilitadas, segundo associação de exportadores.
As violações descobertas apresentam um significativo grau de risco, disse o Rosselkhoznadzor em comunicado. As causas dos embargos não foram completamente detalhadas pelo órgão da Rússia, que já tomou medidas semelhantes no passado, ao suspender temporariamente algumas unidades.
Além do embargo às dez unidades, a proibição de importação de produtos de duas fábricas verificadas foi mantida.
O serviço russo enviou às autoridades brasileiras um relato sobre os resultados das inspeções e está aguardando comentários no prazo de dois meses.
Foram oito unidades de abate de bovinos embargadas: três da Marfrig (duas em São Paulo e uma em Mato Grosso do Sul), duas da JBS (em Minas Gerais e Goiás), uma do Frigorífico Silva (RS), uma da Mato Grosso Bovinos (MT) e uma da Nortão Alimentos (MT).
O Brasil, que tem sido nos últimos anos o maior exportador global de carne bovina, ainda tem 28 plantas de bovinos habilitadas pela Rússia, informou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Desta forma, não será difícil para as empresas realocar exportações para outras unidades que continuam autorizadas, mantendo os volumes embarcados.
"Não tem problema comercial nenhum... Não posso (exportar) por aqui, vou mandar por ali. Nossa capilaridade é muito grande", disse o presidente da Abiec, Antonio Camardelli.
De suínos, foram embargadas uma unidade da BRF, em Goiás, e uma do Frigoestrela, em São Paulo, segundo listagem no site do Rosselkhoznadzor.
As ações da JBS e Marfrig operavam em queda de 2 e 1 por cento, respectivamente, enquanto as da BRF operavam perto de uma estabilidade, por volta das 12h50.
ARÁBIA SAUDITA
Já a Arábia Saudita deverá liberar no fim do mês de julho a importação de carne bovina brasileira, embargada desde 2012, estimou nesta quarta (27) a entidade que representa os grandes frigoríficos do país.
Uma última visita de técnicos sauditas a frigoríficos brasileiros está agendada para 1º de junho, informou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
"Após o Ramadã deveremos receber a autorização para exportar. Com isso, se recompõe o quadro (de destinos de exportação) de 2012", disse o presidente da Abiec, Antônio Camardelli.
O Ramadã é o mês sagrado dos muçulmanos, que em 2015 cai entre 18 de junho e 17 de julho.
A Arábia Saudita foi um dos países que embargaram as compras de carne bovina no fim de 2012, após o registro de um caso atípico de mal da vaca louca no Brasil. Naquele ano, a Arábia Saudita foi o oitavo principal importador do produto brasileiro, com aquisições de quase 36 mil toneladas.
A liberação da Arábia Saudita é importante também porque pode influenciar a decisão de importação de outros países do Oriente Médio, segundo a Abiec.
No início deste mês, a China liberou as oito primeiras unidades brasileira de abate de bovinos, após também ter embargado as compras em 2012.
Fonte: Folha de São Paulo/DA REUTERS
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