A Usiminas anunciou ontem a criação da Mineração Usiminas, que englobará os ativos minerais e de logística da siderúrgica e contará com 30% de participação da trading japonesa Sumitomo. A Sumitomo pagou US$ 1,979 bilhão para entrar na nova companhia. Mas o aporte integral dos japoneses depende da solução de condicionantes envolvidas no negócio.
O presidente da Usiminas, Wilson Brumer, confirmou que do valor total negociado entre as partes US$ 1,350 bilhão deverão entrar no caixa da nova empresa até 30 de agosto, mas outros US$ 579 milhões dependerão da solução de um imbróglio ambiental e de negociações com donos de direitos minerários na região de Serra Azul, em Minas Gerais, onde a Usiminas possui quatro minas adquiridas da família J.Mendes.
A questão ambiental passa pela limpeza de uma região portuária em Itaguaí, no Rio. O local era de propriedade da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, que faliu e deixou rejeitos de metais pesados em um depósito a céu aberto na beira da Baía de Sepetiba. A Usiminas adquiriu a área e se comprometeu a limpá-la, tornando-a apta para a construção de um terminal portuário para dar suporte às suas operações minerais. Brumer estima que no início de 2011 já será possível iniciar a limpeza ambiental e, a partir daí, serão mais 15 a 18 meses para que a área esteja pronta para a construção do porto.
A questão em Minas envolve vizinhos das áreas cujos direitos minerários serão transferidos para a Mineração Usiminas. Brumer explica que há necessidade de acordo com esses vizinhos para o desenvolvimento de "interesses comuns" de lavra. As conversas já começaram. "A partir do momento que entregarmos esses acordos com vizinhos, estará cumprida essa condicionante", disse Brumer.
A Mineração Usiminas será dona de ativos que incluem as quatro minas compradas pela Usiminas à J.Mendes, mais 83,3% da participação na MRS e será proprietária da região portuária em Itaguaí. A companhia nasce com produção estimada de 7 milhões de toneladas de minério de ferro para 2010 e previsão de atingir 29 milhões de toneladas em 2015, o que demandará investimentos de R$ 4,1 bilhões no período. Brumer também não descartou a possibilidade de abertura de capital da subsidiária, de forma a manter o controle nas mãos da Usiminas e permitir ao menos 25% de ações negociadas na bolsa. "Entendemos a época adequada (para ir a bolsa) é o momento em que mercado estiver respondendo", ponderou Brumer. "Nós não queremos nos precipitar."
O mercado respondeu bem ao anúncio. Pedro Galdi, analista da corretora SLW, frisou que já era esperado este desfecho. Segundo ele, a associação à Sumitomo injeta recursos na nova companhia e tira da Usiminas a obrigação de bancar todos os investimentos necessários para a área de mineração. "Para a Usiminas o que vale mais é que já entra com sócio estratégico para montar o negócio, e que vai ser um futuro cliente."
Brumer também afirmou que o crescimento esperado da produção da Mineração Usiminas poderá levar à construção de uma pelotizadora. O executivo ressaltou que uma unidade, para ser competitiva, deve ter capacidade de processar ao menos 7 milhões de toneladas/ano, o que significaria, a preços de hoje, um custo entre US$ 800 milhões e US$ 900 milhões.
Brumer deixou claro que a produção da Mineração Usiminas será destinada, sobretudo, para a siderúrgica, o que abarca principalmente a usina de Cubatão, uma vez que em Ipatinga o fornecimento está praticamente integrado à logística da Vale. Hoje o grupo siderúrgico consome 14 milhões de toneladas de minério de ferro/ano.
Fonte: Valor Econômico/ Rafael Rosas, do Rio
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