A Usiminas avalia que a economia só vai começar a dar sinais de reaquecimento no segundo semestre de 2016. Até lá, o comando da empresa terá de tomar medidas para ajustar sua estrutura atual à demanda enfraquecida.
A siderúrgica já congelou uma série de investimentos. Há alguns dias, desligou dois alto-fornos, um deles (mais antigo, com menor capacidade que os outros dois) em Ipatinga e outro em Cubatão. Junto com isso, propôs mexer nos salários de cerca de 3 mil funcionários em Ipatinga, Belo Horizonte e Cubatão. A metade dos possíveis afetados seria de Ipatinga.
Para não ter de recorrer a demissões, a empresa decidiu impor semana de quatro dias para esse grupo (com funções majoritariamente administrativas) e reduzir seus salários em 14% a 16%.
A proposta, no entanto, enfrentou resistência de sindicalistas, o que atrasou a aprovação de assembleia dos trabalhadores para decidir a medida. Em Ipatinga, a direção do sindicato disse que era mais uma tentativa para aproveitar a crise para achatar salários, reduzir custos e que todos estavam com medo de demissões. Na semana passada, a proposta acabou aprovada. Ontem, a empresa informou que, para cortar custos, suas sede, em Belo Horizonte, não vai funcionar às sextas-feira por três meses.
Fontes da empresa dizem que a visão corrente na sua sede é que 2015 já é um ano perdido. E que não está nos planos desligar mais fornos. Mas isso, segundo as mesmas fontes, será um recurso a ser usado se a crise se agravar, podendo ocorrer demissões. O setor já cortou até agora mais de 11 mil postos de trabalho, segundo pesquisa do Instituto Aço Brasil.
A avaliação é que a siderurgia - e a economia de modo geral - voltará a andar para frente com uma retomada de investimentos em infraestrutura. O bilionário plano de concessões nessa área lançado pelo governo federal foi bem recebido pela direção da empresa.
A Aperam, de aço inox, diz estar ampliando exportações para compensar a fraqueza do mercado local. "Focamos a produção para a exportação, aproveitando também a desvalorização do dólar", disse o presidente da Aperam South America, Frederico Ayres Lima.
Mas essa não é, segundo ele, "a estratégia ideal" no Brasil porque problemas de transporte no país comprometem os resultados para quem exporta. Isso sem contar no excesso de capacidade mundial de produção de aço. A demanda no Brasil por um tipo de aço elétrico da empresa (grão não orientado) caiu, bem como dos setores automotivo, linha branca e outros.
"O sinal amarelo já acendeu para os próximos meses do ano, com uma demanda menor de diversos setores", disse o executivo. A usina em Timóteo tem capacidade para produzir 800 mil toneladas de produtos ao ano e de suas linhas saem mais de 25 tipos de aço.
Apesar das dificuldades, Lima diz que a empresa está mantendo investimentos programados para este ano. Quanto a demissões, o executivo deixa no ar eventuais mudanças. " Não trabalhamos com previsão de programas de demissões no momento, porque temos confiança muito grande na capacidade de nossa equipe", disse o executivo Mas, em seguida alertou: "Essas são decisões que, evidentemente, dependerão do tempo e da intensidade em que a crise permanecer."
Fonte: Valor Econômico/Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte
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