As usinas brasileiras recuperaram mercado e viram as vendas de produtos de aço caírem bem menos do que as importações durante agosto, segundo o Instituto Aço Brasil. O volume foi de 1,6 milhão de toneladas no período, 8,2% a menos do que no mesmo mês do ano passado - em julho o recuo havia sido de 22% -, mas crescimento de 9,5% ante julho, informou ontem a entidade.
O consumo aparente no Brasil somou 1,8 milhão de toneladas, queda de 15% em comparação anual, mas aumento de 6% de agosto ante julho. As compras de produtos do exterior ficaram em 204 mil toneladas, recuo de 45,2% e 34,4%, respectivamente, o que permitiu uma certa retomada das vendas internas pelas empresas.
O câmbio, que encareceu o aço importado vendido por aqui - hoje o prêmio do produto doméstico é negativo em quase todos os segmentos -, também impulsionou a quantidade destinada ao exterior. As vendas ao mercado externo subiram 55,9% ante agosto de 2014, para 1,3 milhão de toneladas, mas frente a julho houve recuo de 9,8%.
A participação das usinas brasileiras no consumo aparente demonstra a recuperação desse mercado. Em agosto, o patamar era de 87,7%, só menor do que em março deste ano. Em todo o ano passado, em nenhum mês o produto nacional foi tão representativo.
O levantamento do Aço Brasil mostra ainda que as vendas internas de aços longos foram piores. O recuo de 9,4%, para 722,5 mil toneladas - em comparação anual - foi bem mais significativo do que a diminuição de 6,9%, para 832,6 mil toneladas, na área de planos. Frente a julho, as altas foram de 4,2% e 15,4%, na mesma ordem.
Com suspensões de contratos de trabalho, demissões, férias coletivas e desligamento de unidades - dois altos-fornos da Usiminas e "mini-mills" da Gerdau -, a produção de aço bruto no país caiu 5,6% em agosto, para 2,8 milhões de toneladas, ante um ano atrás. Frente a julho, baixa de 2,7%.
No segmento de planos, o recuo anual foi de 14,9%, para 1 milhão de toneladas, e no de longos houve queda de 9,7%, para 819 mil. Ante julho, a fabricação de aços planos caiu 10% e a de longos avançou 4,4%. Hoje, a ociosidade da siderurgia no Brasil é de 31%.
No ano, a produção de aço bruto atinge 22,7 milhões de toneladas - 0,3% a mais do que em 2014. Em 12 meses, até agosto, chega a 34 milhões de toneladas.
Já o consumo aparente foi de 15,2 milhões de toneladas em oito meses, recuo de 12,8%. As vendas internas caíram 13,5%, para 12,7 milhões de toneladas.
Nesse cenário, com dólar acima de R$ 3,80, as empresas buscam recompor margens com reajustes de preços: Usiminas, de 5% a 7% e ArcelorMittal, segundo fontes, 10%. A Gerdau elevou aços longos em 15% e os laminados a quente em até 8%. Falta a CSN.
Fonte: Valor Econômico/Renato Rostás | De São Paulo
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