A produção de minério de ferro da Vale no segundo trimestre do ano mostra que a empresa está no caminho de confirmar a meta de entregar 340 milhões de toneladas da commodity em 2015. O volume, se confirmado, vai representar aumento de 2,4% sobre as 332 milhões de toneladas produzidas no ano passado. O crescimento vai se dar em um cenário adverso em que os preços do minério de ferro, na faixa de US$ 50 por tonelada no mercado à vista da China, acumulam queda de quase 30% do começo de janeiro até esta semana.
Entre abril e junho, a Vale produziu 85,3 milhões de toneladas do produto, 7,4% acima do mesmo período do ano passado. O volume foi recorde para o período e assegurou a segunda maior produção trimestral da história da companhia, atrás do terceiro trimestre de 2014, quando produziu 85,7 milhões de toneladas. "A boa produção sugere bons embarques [de minério de ferro] no segundo trimestre do ano", disse em relatório a corretora Itaú BBA. A Vale vai divulgar o balanço contábil do segundo trimestre no dia 30.
Como a produção de minério de ferro surpreendeu positivamente, é possível que as vendas do produto pela Vale, entre abril e junho, tenham superado as 80 milhões de toneladas previstas pela Itaú BBA. A corretora tinha estimado um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para a Vale no período de US$ 2 bilhões, valor que pode ser superado. No primeiro semestre de 2015, a Vale produziu 166,7 milhões de toneladas de minério de ferro, alta de 6,3%, incluindo a compra de produto de terceiros.
Ao anualizar os números de produção do primeiro semestre divulgados ontem pela Vale, bancos e corretoras chegaram a um volume para 2015 de 333 milhões de toneladas, "em linha" com a meta prevista pela própria companhia para o ano, de 340 milhões de toneladas. Em relatório, o Credit Suisse disse que, sazonalmente, a produção do primeiro semestre costuma ser mais fraca.
O banco destacou ainda que houve aumento na compra de minério de ferro de terceiros pela Vale no segundo trimestre em momento em que a empresa começa a substituir produtos menos nobres por outros de melhor qualidade. Semana passada, a Vale confirmou que a partir deste mês começará a retirar 25 milhões de toneladas de minério de ferro de minas em Minas Gerais substituindo essa produção por oferta de maior qualidade com origem em Carajás (PA).
Credit Suisse e Itaú BBA consideraram ainda que a produção de níquel da Vale no segundo trimestre foi decepcionante. A Vale produziu 67,1 mil toneladas de níquel entre abril e junho, alta de 8,7% sobre igual período de 2014. Segundo a Vale, a produção na mina de Sudbury, no Canadá, enfrentou incêndio no quadro de distribuição elétrica no processamento de "matte" (produto intermediário) que resultou no desligamento das operações de processamento de "matte" da refinaria de Sudbury.
Anualizando-se a produção de níquel da Vale do primeiro semestre, de 136 mil toneladas, a empresa terminaria 2015 produzindo 272 mil toneladas do metal, cerca de 10% abaixo da meta da companhia para o ano, de 303 mil toneladas. No cobre, a produção alcançou 104,9 mil toneladas, quase 30% acima em relação ao período abril-junho do ano passado. No carvão, a produção do segundo trimestre totalizou 2 milhões de toneladas, queda de 9% sobre igual período de 2014.
Ontem, a Vale confirmou que foi intimada pela Justiça Federal do Maranhão a suspender as obras de ampliação em trecho da Estrada de Ferro de Carajás (EFC), no Estado. A mineradora disse que adotará os recursos e medidas cabíveis para restabelecimento das obras.
Fonte: Valor Econômico/Por Francisco Góes e Alessandra Saraiva | Do Rio
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