Depois de quase três anos de negociações, os acionistas controladores da Vale - fundos de pensão ligados a estatais, Bradesco, Mitsui e BNDESPar - anunciaram a reestruturação societária da mineradora. Antecipado pelo Valor em 17 de janeiro, o processo, que vai se estender até 2020, busca transformar a Vale em uma empresa de controle acionário difuso, sem acordo de acionistas e listada no Novo Mercado da BM&F Bovespa.
Na prática, se tiver sucesso, o processo pode levar à conclusão, de fato, da conturbada privatização da empresa, iniciada há 20 anos. Nesse período, a influência do governo na gestão da Vale continuou forte por causa da participação dos fundos das estatais e do BNDES.
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No dia 9 de maio expira o acordo de acionistas pelo qual a Valepar controla a mineradora. No mercado, havia dúvidas sobre uma possível "reestatização" da companhia se o acordo não fosse renovado, porque os fundos de pensão, além do BNDES, têm maioria no bloco de controle. Ao contrário, a proposta apresentada pelos sócios abre caminho para a Vale reforçar sua posição como empresa privada, com ações em bolsa. Os fundos exigiram liquidez para suas posições e a Mitsui, uma estrutura que valorize o ativo e a defenda de interferências políticas.
Os investidores reagiram bem. A ação ordinária da Vale teve alta de 6,93%, cotada a R$ 36,43. A preferencial teve desempenho parecido. A renovação do acordo ocorre em um dos melhores momentos para as cotações do minério de ferro em vários anos.
Embora os acionistas tenham proposto a adoção de uma estrutura societária mais moderna, a influência do governo sobre a empresa, por meios dos fundos de pensão, continua uma realidade neste momento. O nome de um novo presidente é estudado em Brasília. Segundo fonte ligada a um dos controladores, a escolha do substituto de Murilo Ferreira está sendo liderada por Paulo Caffarelli, presidente do Banco do Brasil, patrocinador da Previ, maior acionista individual da mineradora.
O escolhido deve ser um nome do mercado, mas indicado ainda pelo governo para chancela dos demais controladores. Alguns acionistas preferiam que o novo presidente e a reestruturação societária fossem anunciados simultaneamente, mas prevaleceu a opinião daqueles que defendiam divulgar rapidamente o formato do novo de acordo de acionistas para dissipar parte das incertezas em torno da companhia. A expectativa é que o nome do novo presidente seja apresentado nos próximos 30 dias.
Fonte: Valor