Após um prejuízo recorde de R$ 14,9 bilhões no último trimestre de 2013, a Vale conseguiu inverter o resultado negativo e lucrou R$ 5,9 bilhões nos três primeiros meses de 2014. Tal desempenho, porém, corresponde a uma queda 4,7% frente ao primeiro trimestre de 2013 (R$ 6,2 bilhões).
De janeiro a março, a Vale registrou um faturamento de R$ 22,8 bilhões, com expansão de 5,5% na comparação com os três primeiros meses de 2013. Já em relação ao quarto trimestre, a receita encolheu em 24,6% —sazonalmente, o início do ano é mais fraco em vendas e produção de minério de ferro.
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Segundo a Vale, a mineradora apresentou um "forte desempenho operacional no primeiro trimestre, com a produção de minério de ferro alcançando o melhor desempenho para um primeiro trimestre desde 2008, e registrando produção recorde de níquel e carvão em um primeiro trimestre."
"A Vale obteve progresso em todos os segmentos de negócio durante o primeiro trimestre de 2014, apesar dos efeitos sazonais de início de ano e o ambiente de preços mais desafiador [mais baixos]."
O prejuízo do final de 2013 ocorreu a mineradora após assumir uma dívida de R$ 22 bilhões com o Refis, referente ao pagamento de Imposto de Renda de controladas no exterior.
A perda foi maior do que a esperada pelo mercado e praticamente zerou os ganhos dos trimestres anteriores, levando a mineradora a um lucro de apenas R$ 115 milhões em 2013, contra um lucro de R$ 9,7 bilhões em 2012.
Excluído o efeito do acordo com o governo para adesão no Refis, a Vale teria obtido um ganho de R$ 26,47 bilhões em 2013 e um resultado positivo de R$ 3,7 bilhões no quarto trimestre inferior ao registrado no terceiro trimestre (R$ 8,3 bilhões, usando o mesmo critério do chamado lucro básico, que desconta alguns efeitos atípicos). No quarto trimestre do ano passado, o lucro havia sido de R$ 7,95 bilhões.
Para o primeiro trimestre deste ano, analistas esperavam um lucro em torno de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 6 bilhões, ou seja, próximo ao registrado).
GERAÇÃO DE CAIXA
Com menor produção e preços mais baixos de seu principal produto, o minério de ferro, a Vale viu seu Ebitda (indicador que mede a capacidade de geração de caixa da empresa) somou R$ 10 bilhões de janeiro a março —uma queda de 5,9% frente ao mesmo período de 2013.
Segundo a Vale, os preços médios do minério de ferro caíram US$ 14,2 por tonelada no primeiro trimestre, num período em que a economia da China tem desaceleração acima do esperado; o país representa quase metade das vendas da Vale.
Já a extração de minério, que costuma sempre cair no primeiro trimestre, quando a economia está mais fraca e as chuvas maiores impedem um melhor desempenho das minas, cresceu 9,2% na comparação com os três primeiros meses de 2013. Na comparação com o quarto trimestre, houve queda de 12,5%.
DÍVIDA E INVESTIMENTOS
A Vale ressaltou ainda, que seus investimentos somaram US$ 2,587 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Já a dívida caiu US$ 1,3 bilhão no mesmo período, passando a US$ 23,162 bilhões.
Numa visão de médio prazo, a Vale diz que "2014 será um importante ano para consolidarmos os esforços de corte de custos, aumento de eficiência, aumento de produtividade e aumento de produção com a conclusão de sete novos projetos [minas e unidades de processamento]".
Fonte: Folha/PEDRO SOARES