SÃO PAULO - A Worldsteel, entidade que reúne as 170 principais fabricantes de aço bruto no mundo e dados de 65 países produtores, piorou suas expectativas para o mercado global em 2015 e 2016, principalmente por causa da desaceleração da economia da China, maior produtor de aço do mundo.
Agora, a Worldsteel trabalha com previsão de queda de 1,7% na demanda em 2015, para 1,513 bilhão de toneladas, frente a estimativa anterior de alta de 0,5%. Para o ano que vem, a associação projeta crescimento de 0,7% no consumo mundial de aço, para 1,523 bilhão de toneladas. No início deste ano, a previsão era a de expansão de 1,4% em 2016.
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Em nota, o presidente do comitê de Economia da Worldsteel, Hans Jürgen Kerkhoff, afirmou que é evidente que a indústria do aço atingiu o fim de um ciclo de crescimento, que foi baseado no desenvolvimento econômico rápido da China.
“Com a desaceleração da China, também enfrentamos baixo investimento, turbulência do mercado financeiro e conflitos geopolíticos em muitas regiões em desenvolvimento. A indústria do aço está, agora, experimentando um período de baixo crescimento, que vai durar o tempo que for necessário até que outras regiões em desenvolvimento tenham tamanho ou força suficientes para produzir outro grande ciclo de crescimento”, avaliou.
Em relação a 2016, acrescentou Kerkhoff, a expectativa de melhora incorpora a premissa de que a economia chinesa vai se estabilizar. “É particularmente preocupante a vulnerabilidade das economias emergentes a choques externos”, acrescentou.
Na China, a Worldsteel espera retração de 3,5% na demanda de aço em 2015 e de 2% em 2016, na esteira de medidas mais contundentes do que o esperado para reequilibrar os mercados imobiliário e de investimentos. “Há um risco crescente associado a esse arrefecimento econômico e a consequente volatilidade dos mercados financeiros, que se tornou uma preocupação global”, informou a entidade.
Excluindo a China do cálculo, a Worldsteel espera recuo de apenas 0,2% na demanda global de aço em 2015 e expansão de 2,9% no ano que vem. Para os países emergentes e em desenvolvimento, excluindo a China, a expectativa é a de crescimento de 1,7% na demanda de aço bruto em 2015 e de 3,8% em 2016.
“Rússia e Brasil estão enfrentando severa contração no consumo de aço. As tensões geopolíticas e da instabilidade no Oriente Médio, na África e na Ucrânia continuam a ter efeito negativo. Por outro lado, a demanda por aço na Índia e no México deve manter a dinâmica de crescimento”, apontou. Especificamente no Brasil, a Worldsteel projeta declínio de 12,8% no consumo de aço neste ano, para 22,3 milhões de toneladas, com ligeira recuperação de 0,5% em 2016.
Nas economias desenvolvidas, a demanda de aço deve mostrar contração de 2,1% em 2015 e crescimento de 1,8% no ano que vem.
Fonte: Valor Econômico/Stella Fontes