Nos últimos meses, vinham sendo divulgadas informações de que o setor de barcos de apoio a plataformas estava um mar de rosas. Após um período de indecisão no início do ano, a Petrobras voltou a contratar essas unidades, em atendimento a meta da Presidência da República de chegar a 146 barcos contratados até o fim de 2015.
No entanto, nos últimos dias, houve um enorme retrocesso na estatal. Ao analisar a sétima rodada de licitações, a Petrobras decidiu não contratar sequer um barco brasileiro, entre os 23 oferecidos, e optou pelo que existe de mais prejudicial à sociedade brasileira: o aluguel de barcos usados do mercado internacional. Isso é uma contradição absoluta com a política de Lula e Dilma, de se prestigiar a produção nacional, o “conteúdo local”.
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Empresários do setor estão desiludidos e surpresos. Os estaleiros compraram áreas, investiram em tecnologia e mão de obra, enquanto os armadores mantém sob contrato nada menos de 14 mil marítimos, dos quais 4 mil oficiais de Marinha Mercante. Com esse descumprimento da política oficial, ante alegação de preços altos, a Petrobras poderá desmantelar um setor que investiu pesadamente.
O sistema funciona com a Petrobras alugando barcos, a médio prazo, de armadores nacionais. A partir daí, o Fundo de Marinha Mercante financia a construção, em estaleiros nacionais, e os barcos são operados por marítimos brasileiros. Já os barcos estrangeiros são antigos e seu preço é beneficiado pela cotação irreal do dólar – com valor controlado artificialmente pelo Banco Central – enquanto as unidades brasileiras são novíssimas. Dos 480 barcos de apoio que atuam no Brasil, 55% são estrangeiros. Agora, o Brasil amplia o mercado para marítimos americanos, noruegueses, filipinos e indianos.
Fonte:Monitor Mercantil\Sergio Barreto Motta