A Petrobras, operadora do Consórcio de Libra, concluiu nesta terça-feira (2/10) o teste de longa duração (TLD) no campo de Mero, localizado no bloco de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. Iniciada em novembro de 2017, a produção foi realizada pelo FPSO Pioneiro de Libra, a primeira unidade da Petrobras dedicada a testes de longa duração equipada para injetar o gás produzido. FPSO é a sigla em inglês para a embarcação que produz, armazena e transfere petróleo.
Durante os testes, o poço produtor interligado à plataforma atingiu a produção de 58 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), um grande resultado em águas ultraprofundas. Os feitos tecnológicos alcançados nesse período foram fundamentais para obter dados de alta qualidade e reduzir as incertezas sobre o reservatório, o que permitirá a implantação acelerada de até 4 sistemas de produção definitivos em Libra nos próximos anos. Cada sistema terá capacidade de produzir até 180 mil barris de petróleo por dia. Além disso, essas tecnologias contribuirão para o desenvolvimento seguro e eficiente dos próximos projetos da indústria mundial de petróleo e gás em águas ultraprofundas.
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Com a conclusão dos testes, o FPSO Pioneiro de Libra irá operar os Sistemas de Produção Antecipada (SPAs) subsequentes em outros poços de Mero. A etapa seguinte consiste na substituição do atual poço injetor de gás por outro localizado mais próximo do poço produtor. Após esta etapa, a embarcação será desancorada e transportada para nova locação no campo de Mero, dando continuidade ao programa de SPAs. O Pioneiro de Libra tem capacidade de processar diariamente até 50 mil barris de petróleo e 4 milhões de metros cúbicos de gás associado.
Tecnologias inéditas
Localizada na região Sudeste do Brasil, Libra é um dos mais robustos projetos de produção de óleo e gás já desenvolvidos pela indústria offshore mundial. A área apresenta reservatórios que estão entre os mais produtivos do país, com colunas de petróleo que alcançam até 400 metros de espessura – o equivalente à altura do Pão de Açúcar.
As elevadas vazões e pressões, a expressiva presença de gás associado ao óleo, além do alto teor de CO2 na área, exigiram que fossem desenvolvidas soluções de última geração para viabilizar a produção. Desta forma, a Petrobras e seus parceiros desenvolveram tecnologias inéditas concebidas para operar nesses ambientes, com lâminas d´água que variam de 1700 a 2400 metros, e profundidades totais que chegam a 6 mil metros.
Uma das soluções pioneiras foi instalar na área o primeiro FPSO dedicado exclusivamente a Testes de Longa Duração capaz de reinjetar o gás produzido. Essa inovação traz melhores resultados para o consórcio e para o meio ambiente, pois permite a eliminação da queima contínua de gás, minimizando a emissão de CO2 na atmosfera e viabilizando a produção dos poços no seu potencial máximo. Produzir durante o TLD sem restrições permitiu otimizar a aquisição de dados dinâmicos do reservatório.
Na implantação do TLD, foi realizado o primeiro pré-lançamento de linhas flexíveis com flutuadores em águas ultraprofundas. Esse método antecipou em 43 dias o início da produção do poço, quando comparado a um cenário sem pré-lançamento das linhas.
O uso de dutos flexíveis de produção de 8 polegadas de diâmetro, em lâmina d´água ultraprofunda e numa configuração conhecida como lazy-wave, permitiu obter uma grande produção nessa profundidade. Devido às cargas impostas linhas de 8 polegadas, o FPSO Pioneiro de Libra possui um esquema de ancoragem (turret) externo com maior suporte de carga vertical da indústria mundial, com capacidade de 700 toneladas por linha submarina (riser), o equivalente ao peso de 4 Boeings 747. Esse equipamento é responsável pelo suporte de carga de nove linhas em profundidade d´água de até 2.400 metros.
O consórcio de Libra utilizou, ainda, um robusto swivel, equipamento que permite que o navio gire em relação ao turret, que é fixado ao fundo do mar através de linhas de ancoragem. Esse modelo instalado suporta a maior pressão operacional (550 bar) e de projeto (605 bar) de injeção de gás da indústria de petróleo mundial.
O Consórcio é liderado pela Petrobras – com participação de 40% - em parceria com a Shell (20%); Total (20%) e as chinesas CNPC (10%) e CNOOC Limited (10%). O consórcio tem ainda a participação da companhia estatal Pré-Sal Petróleo - PPSA, que exerce o papel de gestora do contrato.