BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff defendeu na noite da última terça-feira a gestão da Petrobras durante seu governo e a administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Afirmou que o Executivo continuará valorizando a Petrobras com acessos a reservas de petróleo e rebateu as críticas de que o valor de mercado da empresa caiu.
Na véspera de o Congresso levar adiante a criação da CPI da Petrobras, a presidente reconheceu, durante jantar com jornalistas, que pode ter ocorrido equívoco na aquisição da refinaria de Pasadena. Mas negou que tenha havido má-fé. Ela afirmou ainda que não teme a investigação a ser realizada pela CPI. “Eu não devo nada de CPI, não tenho temor nenhum. Meu governo tem sido um governo de absoluta transparência e não acredito que tenha grandes problemas nessa área.”
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Dilma ponderou que em 2003 a Petrobras tinha um valor de mercado de US$ 15 bilhões e agora vale US$ 98 bilhões. Ao ser lembrada que esse valor caiu recentemente, Dilma rebateu: “Você já perguntou para alguma empresa internacional se ela consegue manter o valor de mercado? Toda empresa cai diante da crise, não tem uma que não cai diante da crise”.
A presidente destacou que, a partir de 2003, presidiu o conselho de administração da estatal, que a empresa descobriu o pré-sal desde então, aumentou seus investimentos, acabou com “a brincadeira de importar tudo” e recuperou a indústria naval. Ela destacou ainda que participou diretamente da definição do modelo de partilha para o setor. “Nós autorizamos fazer o pré-sal, nós autorizamos a suspender uma rodada que venderia o pré-sal a preço de nada.”
Para Dilma, a Petrobras é um patrimônio muito maior que o seu valor de mercado. “Como você mede uma empresa internacional? Se ela perder reserva, se declarar reserva que não possui, aí ela está comprometida estruturalmente. A Petrobras não só tem reserva, como foi objeto da outorga onerosa quando nós passamos para eles vários blocos de exploração que valorizaram ela, o que torna a Petrobras o tamanho que é”, argumentou. “É o fato de ela ter acesso às reservas do pré-sal. É isso que valoriza a Petrobras.”
Dilma negou que tenha realizado o leilão da área de Libra, do pré-sal, com o objetivo de obter recursos para cumprir a meta de superávit primário do ano passado. O valor do bônus de assinatura foi de R$ 15 bilhões.
“Eu não estava querendo superávit primário coisíssima nenhuma. Com Libra, eu estou querendo é explorar o pré-sal. Eu estou querendo os R$ 1 trilhão que ele vai produzir, eu estou querendo os 50% do fundo social para fazer educação. Que história é essa de superávit primário? Isso é visão de curtíssimo prazo”, rechaçou a presidente.
“Não entender o tamanho de Libra e não entender o que é o pré-sal é que é grave. O pré-sal transformará esse país num dos maiores exportadores de petróleo. Não dá para jogar o pré-sal na vala comum. Achar que o pré-sal é para fazer o superávit primário? Tem dó, gente.”
Dilma demonstrou confiança na atual direção da companhia. “Eles [Petrobras] vão cumprir bem as metas deles. Eu conheço bem a Graça Foster, sei que a Graça cumprirá todas as metas que ela estabelecer com os investidores. Sei que a Graça vai lutar, vai querer valorizar a Petrobras. Não tenho a menor dúvida quanto à Petrobras”, afirmou. “Não sou eu que defino o que que é que a Petrobras fará com o dinheiro dela em termos de reajuste [dos combustíves]. Se eu não defino qual o preço que ela cobra, eu defino uma coisa: o que ela tem de direito em relação às reservas do país que são propriedade da União. A gente define por lei, pela legislação vigente, o acesso a reservas. E pode ter certeza que a Petrobras sempre será valorizada pelo governo no acesso às reservas.”
Fonte: Valor Econômico/Rosângela Bittar